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Seamounts: Montanhas submarinas que abrigam uma biodiversidade peculiar

A vastidão dos oceanos ainda esconde muitos segredos, e o recente anúncio da descoberta de um monte submarino no sudeste do Pacífico trouxe à luz um novo ecossistema repleto de vida nunca antes vista.

Durante uma expedição de um mês, uma equipe de oceanógrafos do Schmidt Ocean Institute revelou não apenas um novo seamount, como também documentou 20 espécies que podem ser inéditas para a ciência, além de várias outras espécies raras observadas pela primeira vez nessa região do mundo.

O que é um seamount e por que ele é importante?

Montanhas submarinas, conhecidas como seamounts, são formações geológicas que se elevam a partir do fundo do mar, mas que não chegam a romper a superfície da água. Esses montes são fundamentais para a biodiversidade marinha.

Eles criam zonas de corrente e abrigo que atraem uma variedade de espécies, desde corais e esponjas até grandes predadores marinhos.

A recente expedição descobriu um seamount de mais de 3.000 metros de altura, com o topo a 994 metros abaixo da superfície, localizado na cordilheira de Nazca, uma cadeia de montanhas submersas ao largo da costa oeste do Chile.

Essa área do oceano é uma verdadeira “ilha” de biodiversidade, um ambiente onde a vida marinha se desenvolve de maneira única devido às condições de isolamento e à profundidade extrema.

Novas Espécies Descobertas: A Riqueza Oculta do Oceano

Um dos aspectos mais emocionantes da expedição foi a descoberta de 20 espécies que podem ser totalmente novas para a ciência. Embora ainda seja necessário um estudo mais detalhado para a descrição formal dessas espécies, os cientistas já coletaram amostras e registros que indicam que essa área nunca havia sido explorada tão a fundo.

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Entre as espécies mais notáveis está o polvo “Casper”, apelidado em homenagem ao personagem de desenho animado “Gasparzinho, o Fantasminha Camarada”, por sua aparência fantasmagórica e sua coloração branca. Ele foi visto pela primeira vez no Pacífico Norte, em 2016, e agora também foi encontrado no Pacífico Sul, o que amplia significativamente o conhecimento sobre seu habitat.

Schmidt Ocean Institute (CC BY-NC-SA 4.0)

Outro destaque foi a observação do raro “monstro de espaguete voador” (Bathyphysa conifera), uma criatura com longos tentáculos parecidos com espaguetes. Essa espécie pertence ao grupo dos sifonóforos, que, curiosamente, são compostos por colônias de pequenos organismos que atuam juntos como um único corpo.

Schmidt Ocean Institute (CC BY-NC-SA 4.0)

Além dessas, a equipe filmou um peixe-sapo marinho (Chaunacops coloratus) usando suas nadadeiras peitorais para se ancorar nas rochas, um comportamento fascinante para uma espécie de peixe.

Schmidt Ocean Institute (CC BY-NC-SA 4.0)

A expedição também registrou pela primeira vez imagens de uma lula Promachoteuthis viva, uma espécie que, até então, só havia sido capturada em redes e nunca estudada em seu ambiente natural.

A Importância da Biodiversidade nos Seamounts

Seamounts desempenham um papel vital na preservação da biodiversidade marinha. Esses ecossistemas formam habitats complexos, atraindo espécies que não são encontradas em outras regiões do oceano. Em particular, os corais profundos e as esponjas descobertos nesta expedição são indicadores de um ecossistema antigo e estável, o que reforça a importância de preservar esses ambientes.

Muitas das espécies observadas são extremamente sensíveis às mudanças no ambiente.

A exploração irresponsável e a mineração submarina, que se torna cada vez mais uma ameaça, podem destruir ecossistemas únicos antes mesmo que possamos estudá-los e compreendê-los completamente.

Os Desafios da Exploração Oceânica

Explorar as profundezas do oceano é uma tarefa complexa e cara. As áreas mais profundas dos oceanos são praticamente inexploradas devido aos desafios tecnológicos e logísticos que envolvem mergulhos a grandes profundidades.

Nessa expedição, os cientistas utilizaram robôs submarinos capazes de filmar e coletar dados em áreas extremamente profundas, como o robô que desceu até 4.400 metros de profundidade para registrar imagens do polvo Casper.

Esse tipo de tecnologia de ponta é fundamental para que possamos entender melhor nossos oceanos. No entanto, apesar dos avanços, ainda conhecemos menos do fundo do oceano do que da superfície da Lua.

Estima-se que 80% dos oceanos permanecem inexplorados, e novas descobertas, como esta no Pacífico, são apenas a ponta do iceberg.

O Papel da Ciência na Preservação dos Oceanos

Descobertas como essas têm implicações importantes para a conservação marinha. Quanto mais sabemos sobre as espécies que habitam os seamounts e outras regiões remotas dos oceanos, mais podemos criar estratégias de proteção eficazes.

Muitas das criaturas encontradas em profundidades extremas são altamente especializadas, adaptadas a condições de baixa luz, altas pressões e temperaturas frias.

Se esses habitats forem destruídos, é possível que algumas dessas espécies não consigam sobreviver em nenhum outro lugar.

A conscientização pública também é um fator crucial.

Campanhas de preservação e educação ambiental podem ajudar a criar um movimento global em prol da proteção dos oceanos, garantindo que futuras gerações possam continuar a fazer descobertas surpreendentes.

Conclusão

A recente descoberta de um seamount no Pacífico Sudeste e as novas espécies reveladas mostram como ainda temos muito a aprender sobre os oceanos. Essa expedição trouxe à luz não só a diversidade da vida marinha, mas também a fragilidade desses ecossistemas, que precisam de proteção urgente.

Esses achados são um lembrete de que o oceano é um vasto mundo inexplorado, repleto de segredos à espera de serem descobertos. Cada nova espécie registrada amplia nossa compreensão da vida na Terra, destacando a importância da pesquisa científica em áreas remotas e inexploradas.

Fonte: SCHMIDTOCEAN.ORG.

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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