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Sucessão ecológica

A sucessão ecologia é um processo muito conhecido na ecologia. Quando um determinado local perde, seja por efeito natural ou antrópico, as espécies que existiam nele, o processo de sucessão ecológica se inicia. Com o passar do tempo, as espécies colonizarão estes lugares através de um processo gradual de substituição de espécies, vegetais e animais. Por exemplo, se você observar uma pastagem recentemente abandonada ao longo dos anos seguintes, verá que surgirão diversas espécies e que estas serão substituídas por outras, que terão características diferentes – sendo espécies pioneiras, secundárias, secundárias tardias e clímax.
ESPÉCIES PIONEIRAS
Nos lugares onde parece que não surgirá vida nenhuma, como em proximidades vulcânicas, superfícies de rochas, áreas muito antropizadas, etc, sempre surgem as espécies pioneiras e estas abrem caminho para a chegada das outras espécies no processo de sucessão ecológica.
Estas espécies, podem colonizar desde dunas de areia em desertos quentes, através das sementes que foram dispersadas pelo vento, até lugares rochosos em ambientes extremamente frios. As pioneiras suportam variações climáticas que são consideradas extremas para a maioria das espécies vegetais: calor ou frio extremo, solos pobríssimos em nutrientes e água, grandes variações de temperaturas e umidade do ar, etc. Por serem ‘pouco exigentes’ em termos de condições e recursos, estas espécies sempre são as primeiras a ocorrem nos lugares que ainda não possuem vegetação.
Gradualmente as espécies pioneiras vão modificando as características dos ambientes que ocupam. Elas captam nutrientes que outras espécies não conseguem, fixam-os em seus tecidos, e, quando perdem suas folhas ou simplesmente morrem, liberam no solo (após ação de organismos detritívoros  e decompositores) uma nova gama de nutrientes que podem então ser utilizados por outros tipos de vegetais, sem contar que a matéria orgânica no solo retem água. Além disso, elas também oferecem sombra e isso evita que o solo seja demasiadamente aquecido e prejudique as sementes de outras espécies de vegetais que chegam nesses locais, ou, que já estavam acomodadas ali no banco de sementes.

Uma observação: Quando você olha uma pastagem exótica, pode ter certeza que antes essa pastagem era uma vegetação nativa, composta por centenas de espécies vegetais que variaram ao longo do tempo, nos processos de sucessão ecológica. Deste modo, nos solos existem milhares de sementes por metro quadrado oriundo das espécies nativas que antes ocuparam o local, formando o que chamamos de banco de semente. Não é apenas em áreas antropizadas que estes bancos de sementes são observados mas sim em praticamente todos os locais do planeta que passaram por processos de sucessão ecológica – em áreas nativas mais ricas em nutrientes e pouco ou não impactadas, podem ser encontradas 30, 40, 60 mil sementes por metro quadrado!

ESPÉCIES SECUNDÁRIAS E SECUNDÁRIAS TARDIAS
De acordo com que os nutrientes, sombra e água no solo tornam-se mais disponíveis, as sementes, das espécies que chegaram ou que estavam no banco de sementes local, tem condições ideais para germinarem. À medida que estas crescem, as espécies pioneiras vão sendo substituídas, pois são fracas competidoras. Estas espécies que chegam após as espécies secundárias, são chamadas de espécies secundárias. Ao longo do tempo, estas espécies oferecem ainda mais sombra e mais nutrientes, favorecendo o crescimento de espécies que são melhores competidoras e de porte maior – as chamadas secundárias tardias.
ESPÉCIES CLÍMAX
Com uma grande quantidade de nutrientes e todas condições e recursos ideais, e, uma fauna já associada ao local, outras espécies muito mais exigentes, com ciclo de vinda longo e melhores competidoras se estabelecem – as espécies clímax. Elas dependem da umidade no solo e também de uma ampla gama de nutrientes para que suas sementes germinem. As sementes das espécies clímax geralmente são grandes, protegidas por uma camada grossa de tecido que evita a perda de água e dificulta a predação por pequenos insetos. Enquanto as pioneiras e secundárias, são pouco exigentes, competidoras inferiores e investem em sementes pequenas que são facilmente dispersadas pelo vento e água, as espécies clímax são competidoras superiores, mais exigentes e dependem geralmente da fauna para dispersar suas sementes, que são grandes e associadas a frutos. Os frutos nessas espécies é fundamental, é através dele que a maioria é dispersada. Quando uma comunidade possui uma diversidade significativa de espécies vegetais e animais, após o processo de sucessão ecológica, diz-se que esta está em seu climáx, principalmente por causa das grandes árvores de ciclo de vida longo, que só ocorrem em áreas preservadas ou com poucos impactos.

Uma coisa que não poderia deixar de comentar é o fato de que para muitos pesquisadores, a definição de clímax é pouco coerente com o que realmente podemos observar na natureza e que de fato o clímax (máximo estágio de desenvolvimento de uma comunidade) nunca poderá ser atingido tendo em vista que a natureza está em constante modificação e nada pára no tempo. Eventos diversos modificam constantemente a composição das espécies em seus habitats e de certo modo, o clímax é inalcançável. Por isso, existem algumas teorias sobre o clímax. As mais conhecidas são: Monoclimáxica, Policlímaxica, Disclímax e Gradiente Ambiental. Como Michael Begon disse certa vez: “…o clímax é um doce sonho na mente dos teóricos”.

Para mais detalhes sobre sucessão e clímax, veja os links:
> Sucessão Ecológica – USP
> Sucessão Ecológica – USP II
> Sucessão Ecológica – UFRJ
> TCC sobre Teorias de Sucessão Ecológica – Kauê Tortato Alves (recomendo muito)

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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