Animais alvos de formigas, cuidado: a espécie africana Crematogaster striatula tem um veneno tão potente que os cupins não precisam nem entrar em contato para sentir o poder, já que o químico pode matar a distância.
O veneno é emitido por uma glândula perto dos ferrões, e parece ter três funções. O químico não apenas paralisa e mata o cupim, mas também atrai as colegas de formigueiro. Já as forasteiras são repelidas.
Aprender mais sobre como os insetos defendem suas casas pode também ajudar a defender as nossas. Os pesquisadores, liderados por Angelique Vetillard, da Universidade de Toulouse, na França, isolaram os químicos específicos do veneno, revelando pistas sobre a fonte de sua toxicidade, que pode ajudar na produção de pesticidas.
Essa pesquisa oferece “uma base para futuros estudos de inseticidas naturais, incluindo novas moléculas contra insetos resistentes aos produtos atuais”, comenta Vetillard.
Essas formigas africanas vivem entre folhas apodrecidas no chão de plantações de cacau. Elas caçam cupins, que já desenvolveram métodos elaborados de comportamento, morfologia e química para se defender.
Para entender com funciona a substância venenosa, o grupo tentou vários experimentos. Eles descobriram que o químico era mais mortal para os cupins do que para outras formigas. Essas têm a tendência de recuar quando ameaçadas, mas os primeiros são mais corajosos em situações perigosas.
Quando encurraladas, as formigas conseguiam envenenar os cupins a uma distância de até um centímetro. Os pesquisadores sugerem que a fina pele das presas também ajuda na sensibilidade ao veneno.
Quando uma formiga detecta um cupim, ela se aproxima com a ponta do abdômen apontado para a presa. Essa parte do corpo abriga o veneno, que é expelido na forma de pequenas partículas aéreas. Além de matar o invasor, após dez minutos, o veneno atraiu outras formigas, para ajudar no ataque.
Após o cupim virar de costas para baixo, movendo as pernas até paralisar, as formigas o carregaram para o ninho.
Quando as formigas operárias descobriram outras da espécie Camponotus brutus roubando mel do seu território, elas o defenderam da mesma maneira, apontando o abdome para as inimigas. Sem contato físico, lentamente as invasoras recuaram apenas pelo cheiro, sem causas físicas aparentes.[MSN]