É isso mesmo que pensou. Como assim?
Pois bem, um estudo mostra que tornando estas espécies economicamente viáveis, a população local pode se interessar mais pela preservação das mesmas assim, como vão ganhar dinheiro, os animais podem ter maiores chances de sobreviver e não serem extintos, já que haveria todo um planejamento adequado para caça.
Veja na íntegra a reportagem: (Hypescience)
Parece contra-intuitivo que caçar uma espécie possa na verdade conservá-la, já que os esforços de conservação buscam aumentar e estabilizar as populações. Entretanto, a caça pode ser um negócio lucrativo, que alimenta esforços de administração e mantém a população local mais inclinada a tolerar a presença dos animais, no caso de eles serem economicamente úteis.
Talvez ainda mais importante seja o fato de que a terra deixada para as presas humanas se mantenha sem invasão do “desenvolvimento”, tornando-se um lar para muitas espécies selvagens assim como aquelas que são caçadas.
Nesse ponto de vista, seria inteligente aplicar banimentos à caça de leões na África, como foi recentemente sugerido por ativistas europeus e americanos, ou isso seria pior do que melhor?
Essa foi a questão fundamental investigada recentemente por um grupo de colaboradores internacionais da África do Sul, Zimbábue e Estados Unidos. Eles usaram uma série de análises econômicas para entender as complexidades da indústria da caça. Eles coletaram informações de sites onde os caçadores comentam seus “troféus” e entrevistas com operadores de safáris. Esses dados foram submetidos a uma série de cálculos para descobrir o retorno de investimentos, ou RDI, da caça dos leões em três diferentes cenários: na permissão atual de caça, máximo de cinco leões por 1.000 quilômetros quadrados, ou completo banimento da caça.
Por causa das diferenças regionais nas práticas e preços, a análise foi conduzida em uma base nacional. Isso revelou que tanto os preços quando as “espécies chave” variam regionalmente. As caçadas mais caras foram as que envolvem leões na Tanzânia. A tendência de caçar leões e leopardos talvez seja explicada pelo desejo humano de caçar animais raros enquanto ainda estão disponíveis. Algumas vezes, os caçadores chegam a pagar cerca de R$ 300 mil por uma caçada.
Apesar dos pesquisadores terem que fazer algumas suposições enquanto coletavam os dados – por exemplo, se os caçadores não falsificaram os registros de caças e se os operadores de safáris realmente disseram seus ganhos reais – a análise parece sólida. Enquanto a importância dos leões depende da viabilidade e da presença de outras espécies, os padrões sugerem que o fim da caça dessa espécie teria repercussões econômicas catastróficas na África. Se os locais modificassem os habitats ou outras medidas para impedir a caça, as populações de leões – assim como outras espécies – sofreriam o mesmo tanto, ou até mais, do que se a caça continuasse.
Os pesquisadores concluíram que estabelecer restrições totais para a caça de leões, além de colocar as populações desses animais em risco, iria também punir injustamente países onde os safáris são conduzidos de uma maneira responsável. Como alternativa, eles sugerem cotas para melhorar a sustentabilidade da caça. Como as populações de leões se recuperam rapidamente quando a pressão excessiva é removida (como foi revelado após um banimento da caça entre 2005 e 2008, em Zimbábue), essa opção pode balancear tantos os interesses humanos quanto os animais. [Science2.0]
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