Uma rápida pesquisada na internet pode nos trazer diversas informações sobre as abelhas. A mais importante destas informações, e a que mais no interessa, é sobre os benefícios da polinização. Mas como isso nos afeta? Através da polinização, as abelhas ajudam na reprodução cruzada de várias espécies de plantas, garantindo uma maior quantidade e qualidade de frutos. Se as abelhas deixam de polinizar a plantas, diversos frutos sofrem queda de produção e podem até desaparecer com o tempo, visto a grande dependência de um polinizador que algumas plantas possuem.
O sumiço das abelhas é uma realidade nos dias atuais e isso vem preocupando muitos pesquisadores, produtores rurais e criadores de abelhas. Os Estados Unidos e a Europa já estão sofrendo com este problema, que recebeu o nome de Desordem do Colapso das Colônias (DCC). Quando uma colmeia possui mais indivíduos imaturos do que operárias, pode-se dizer que esta colmeia está colapsando, e que provavelmente irá morrer em breve, já que as operárias são fundamentais para a manutenção da colônia.
Mas o que poderia estar causando o desaparecimento de abelhas? Os pesquisadores sugerem alguns possíveis fatores. Um deles é o ácaro Varroa desctructor, um ectoparasita de abelhas, que só pode se reproduzir em colmeias. Quando se infiltram nestas, sugam a hemolinfa das abelhas, enfraquecendo-as. Ainda, pode sugar a hemolinfa e transmitir doenças para as larvas, que podem sofrer uma má formação de suas estruturas quando atingem a fase adulta.
Ainda mais grave que os parasitas, são os inseticidas usados no controle de pragas em diferentes culturas alimentícias. Muitos percevejos consomem a seiva das plantas, transmitindo doenças e enfraquecendo os vegetais, o resultado é uma safra pouco atraente, que irá trazer prejuízos financeiros para os produtores e consumidores. O uso de inseticidas visa acabar com estas pragas, garantindo a qualidade do alimento. Uma classe de inseticidas conhecida como Neonicotinoides está sendo muito utilizada nas lavouras americanas e vem se mostrando eficiente no combate a percevejos. O problema é que estes inseticidas são altamente tóxicos para as abelhas também, e aí começa o problema da DCC.
Quando as abelhas visitam as lavouras em busca de alimento nas flores, recebem diferentes doses de inseticida, sendo que estes estão presentes nas plantas. Se as doses de inseticidas forem altas, ocorre morte direta destes insetos. Por outro lado, as abelhas podem receber pequenas doses, o que causam problemas ainda mais graves, como a perda de cognição e dificuldades no forrageamento. Podemos dizer que as abelhas perdem o seu GPS natural e ficam completamente perdidas, sem achar o caminho de casa. Como são insetos sociais e dependem da interação com suas companheiras de colônia, as abelhas afetadas pelo inseticida tendem a morrer sozinhas, sem encontrar o caminho de volta para a colmeia.
Com a morte gradual de operários em campo, a colônia passa a ter problemas e começa a entrar em colapso. O colapso pode atingir níveis altos, obrigando as operárias e rainhas que sobraram a irem para outro lugar, ou causando a morte total da colônia de abelhas. Agora, tente imaginar várias colônias morrendo simultaneamente, considerando que todas possuem operários que visitam diferentes plantações tratadas com inseticidas e acabam sofrendo com o mesmo problema de intoxicação.
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A Desordem do Colapso das Colônias é uma realidade no Hemisfério Norte do planeta, e pode atingir outros países rapidamente. Somado aos parasitas e aos inseticidas, a perda de habitat natural é outro fator que pode estar influenciando na redução do número de colônias. Independente de existirem fatores mais ou menos graves, todos devem ser avaliados e combatidos, a fim de as abelhas sejam salvas desse colapso. É importante lembrar que sem as abelhas, a produção de muitos alimentos irá cair bruscamente, o que elevará seu preço, e também podendo causar um sumiço destes em questão de anos. Além da questão econômica, as abelhas desempenham diferentes serviços ecossistêmicos, sendo essenciais para o ambiente onde vivem, para diferentes plantas e animais.
Este post foi escrito por:
Iago Bueno
Graduando em Ciências Biológicas pela Unesp de Rio Claro