O dodô, um pássaro extinto que ficou famoso em exposições de viagens e obras de ficção, pode estar pronto para ressurgir. No início de julho de 2007, cientistas que estavam trabalhando nas Ilhas Maurícias, no leste de Madagascar, que fica na costa da África, anunciaram a descoberta do mais preservado esqueleto de dodô já encontrado. Parece que está completo e é um dos únicos dois pássaros extintos que foram encontrados. A descoberta, mantida em segredo por diversas semanas enquanto a área era examinada e o esqueleto era recolhido, pode fornecer amostras valiosas de DNA.
O novo esqueleto de dodô é particularmente notável porque foi encontrado em uma caverna, o que ajudou a preservar o espécime e seu DNA, como esperam os cientistas. Muitos ossos do dodô foram encontrados em pântanos das Ilhas Maurícias, mas o ambiente do pântano tem um efeito corrosivo sobre esses ossos. O único outro DNA de dodô veio de um esqueleto do século XV que foi levado das Ilhas Maurícias à Grã-Bretanha. Essa amostra permitiu que os cientistas determinassem a relação dele com outros pássaros. O estudo revelou que os dodôs têm parentesco com muitos tipos de pombos e rolinhas. O novo esqueleto pode revelar ainda mais informações sobre o dodô, inclusive uma versão mais completa do seu código genético (em inglês). A descoberta levanta a questão: Os cientistas podem ressuscitar o pássaro dodô?
Primeiro, vamos conhecer o dodô, um animal que continua a viver uma vida e tanto na cultura popular e em nossos textos, mesmo depois de sua extinção há mais de 300 anos. Exploradores holandeses e portugueses descobriram o dodô em 1598, e o pássaro foi extinto cerca de 80 anos depois. Vivendo nas florestas das Ilhas Maurícias, os dodôs cresciam até cerca de um metro de comprimento e pesavam até 20 quilos [Fonte: Peter Maas (em inglês)]. Suas penas variavam de brancas até as com tons de cinza e preto, e eles tinham um grande bico que quase parecia estar inchado. Análises recentes mostram que, ao contrário do que muitos acreditam, os dodôs provavelmente não eram pássaros muito gordos e redondos. Em vez disso, eles eram mais magros e proporcionais aos outros pássaros, ainda que suas pernas curtas possam ter feito seus corpos parecerem maiores do que eram de verdade.
Beth Shapiro, uma cientista da Oxford University, disse ao National Geographic que “os dodôs eram basicamente pombos gordos” [Fonte:National Geographic (em inglês)]. As descrições de muitos exploradores de que esses pássaros eram bobos ou desajeitados são influenciadas, contudo, pelo fato de que os dodôs não tinham predadores naturais nas Ilhas Maurícias. Por viverem sem medo de serem atacados, os dodôs não tinham razão para temer as pessoas e algumas vezes se aproximavam delas. Ingerir alimentos que ficavam próximos ao solo fez com que eles engordassem e também impediu suas características evolutivas de voar. Os dodôs tinham uma dieta onívora composta de peixe, semente e fruta. Com o tempo, as asas dos dodôs foram diminuindo e eles perderam a habilidade de voar. O fato de não conseguirem voar combinado com outras atitudes estranhas, como comer pequenas pedras (que agora os cientistas acreditam que auxiliavam a digestão), contribuiu para que os dodôs fossem considerados pássaros bobos e preguiçosos. Em vez disso, eles caçavam peixes, tinham uma mordida forte e mantinham o mesmo parceiro durante toda a vida, com os dois animais ajudando a criar o filhote do casal.
O dodô foi extinto por uma razão: os humanos. Exploradores portugueses e holandeses levaram cães, ratos, porcos, macacos, gatos e outros animais para as Ilhas Maurícias. Esses animais comiam os ovos dos pássaros, que eram colocados no solo. Os humanos caçavam os dodôs para alimentação, mesmo que, de acordo com relatos, a carne não fosse muito saborosa. Além disso, levavam muitos dodôs para exposições no exterior. Conseqüentemente, o pássaro e seus ovos acabaram extintos.