“Não podia acreditar que esses ossos estavam diante dos nossos olhos”, diz Oliver Asas paleontólogo e pesquisador convidado no Museu Für Naturkunde em Berlim. Ele estava descrevendo a espetacular descoberta de cerca de 1800 tartarugas fossilizadas do período Jurássico, no noroeste da província chinesa de Xinjiang. Asas e um especialista em fósseis da Universidade de Tübingen, Dr. Walter Joyce, estavam trabalhando com paleontólogos chineses lá em 2008.
Os resultados de seu trabalho em 2009 e 2011 foram publicados apenas no jornal alemão Naturwissenschaften.
“Este sitio tem, provavelmente, mais do que o dobro do número conhecido de tartarugas individuais do Jurássico”, diz Walter Joyce. “Alguns cascos foram empilhados em cima uns dos outros na rocha.” É o que os paleontólogos chamam de “cama de ossos”. Neste caso, consistindo apenas de restos de tartarugas.
Wings, Joyce e sua equipe fizeram algumas expedições neste local desde 2007, encontrando tubarões, crocodilos fósseis, mamíferos e esqueletos de dinossauros diversos. Hoje, uma das regiões mais secas do mundo, 160 milhões de anos atrás Xinjiang era um lugar verde, com lagos e rios, cheios de vida. No entanto, os cientistas mostraram que, mesmo assim, as condições não eram sempre ideais, com alterações climáticas, com seca sazonal – e estes fósseis foram um encontro incrível.
Como elas ficaram e morreram todas juntas?
As tartarugas se reuniram em um dos poços restantes durante um período muito seco, esperando a chuva. As tartarugas de hoje na Austrália, por exemplo, fazem a mesma coisa. Mas para as tartarugas de Xinjiang, a chuva veio tarde demais. Muitas das tartarugas já estavam mortas e os seus corpos em decomposição.
Quando a água chegou, ela veio com uma vingança: um rio de lama, que levou as tartarugas e sedimentos junto com ele e foi parar neste local onde foram encontradas, como os paleontólogos viram no sitio de escavação e suas camadas de pedra.
O grande número de tartarugas permite que os pesquisadores façam uma primeira análise estatística de tartarugas asiáticas no período Jurássico. Sua morte simultânea e preservação torna possível comparar a variabilidade, crescimento e diferenciação morfológica entre as espécies. Os cientistas estão à procura de patrocinadores para apoiar estudos de campo e investigação adicional sobre os dinossauros encontrados também.
