O que é o Aedes aegypti?
O vetor foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. Culex significa “mosquito” e aegypti, “egípcio”, portanto: “mosquito egípcio”. O gênero Aedes só foi descrito em 1818. Logo se verificou que a espécie A. aegypti, descrita anos antes, apresenta características morfológicas e biológicas semelhantes às de espécies do gênero Aedes e não às do já conhecido gênero Culex. Então, foi estabelecido o nome Aedes aegypti. O A. aegypti é originário do Egito. A dispersão pelo mundo ocorreu da África: primeiro da costa leste do continente para as Américas, depois da costa oeste para a Ásia.
Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti
Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do A. aegypti varia de acordo com a temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro, uma vez que a competição de larvas por alimento (em um mesmo criadouro com pouca água) consiste em um obstáculo ao amadurecimento do inseto para a fase adulta. Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar um período de 10 dias. Por isso, a eliminação de criadouros deve ser realizada pelo menos uma vez por semana: assim, o ciclo de vida do mosquito será interrompido.
Os maiores índices de infestação pelo A. aegypti são registrados em bairros com alta densidade populacional e baixa cobertura vegetal, onde o mosquito encontra alvos para alimentação mais facilmente. Outro fator importante é a falta de infraestrutura de algumas localidades. Sem fornecimento regular de água, os moradores precisam armazenar o suprimento em grandes recipientes, que na maioria das vezes não recebem os cuidados necessários e, por não serem completamente vedados, acabam tornando-se focos do mosquito.
Alimentação
Machos e fêmeas do Aedes aegypti alimentam-se de substâncias açucaradas, como néctar e seiva. Somente a fêmea pica o homem para sugar sangue (hematofagia), alimento necessário à maturação dos ovos. Geralmente, a hematofagia é mais voraz a partir do segundo ou terceiro dia depois da emergência da pupa e da cópula com o macho.
Reprodução e desova
O acasalamento do Aedes aegypti se dá dentro ou ao redor das habitações, geralmente nos primeiros dias depois que o mosquito chega à fase adulta. É preciso somente uma cópula para a reprodução ser concretizada, pois a fêmea guarda o esperma na espermateca. Após a cópula, as fêmeas precisam realizar a hematofogia (alimentação com sangue) importante para o desenvolvimento completo dos ovos e sua maturação nos ovários Normalmente, as fêmeas encontram-se aptas para a postura de ovos três dias após a ingestão de sangue, passando então a procurar local para desovar.
A desova acontece, preferencialmente, em criadouros com água limpa e parada. Os ovos são depositados nas paredes do criadouro, bem próximo à superfície da água, porém não diretamente sobre o líquido. Daí a importância de lavar, com escova ou palha de aço, as paredes dos recipientes que não podem ser eliminados, onde o ovo pode permanecer grudado.
Ovos
Uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante a sua vida. Os ovos são distribuídos por diversos criadouros – estratégia que garante a dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada pelo vírus da Dengue quando realizar a postura de ovos, há a possibilidade de as larvas filhas já nascerem com o vírus, no processo chamado de transmissão vertical. Inicialmente, os ovos possuem cor branca e, com o passar do tempo, escurecem devido ao contato com o oxigênio. O ovo do A. aegypti mede aproximadamente 0,4 mm de comprimento e é difícil de ser observado.
Os ovos adquirem resistência ao ressecamento muito rapidamente, em apenas 15h após a postura. A partir de então, podem resistir a longos períodos de dessecação – até 450 dias, segundo estudos. Está resistência é uma grande vantagem para o mosquito, pois permite que os ovos sobrevivam por muitos meses em ambientes secos, até que o próximo período chuvoso e quente propicie a eclosão.
Em condições favoráveis de umidade e temperatura, o desenvolvimento do embrião do mosquito é concluído em 48 horas. A resistência à dessecação permite também que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos. Esse aspecto importante do ciclo de vida do mosquito demonstra a necessidade do combate continuado aos criadouros, em todas as estações do ano.
Dengue
A Dengue é uma doença febril aguda, de etiologia viral e de evolução benigna na forma clássica, e grave quando se apresenta na forma hemorrágica. A Dengue é, hoje, a mais importante arbovirose (doença transmitida por artrópodes) que afeta o homem e constitui-se em sério problema de saúde pública no mundo, especialmente nos países tropicais, onde as condições de meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação do Aedes aegypti, principal mosquito vetor.
Como a Dengue pode ser transmitida?
A transmissão se faz pela picada dos mosquitos Aedes aegypti, no ciclo ser humano – A. aegypti – ser humano. Foram registrados casos de transmissão vertical (gestante – bebê) e por transfusão sanguínea.
Quando o vírus da Dengue circulante no sangue de uma pessoa em viremia (geralmente um dia antes do aparecimento da febre até o sexto dia da doença) é ingerido pela fêmea do mosquito durante o repasto, o vírus infecta o mosquito e após um período de oito a doze dias de incubação, pode ser transmitido para outras pessoas durante futuros repastos. O mosquito permanece infectado por toda a vida (6 a 8 semanas).
O período de incubação no homem varia de 4 a 10 dias, sendo em média de 5 a 6 dias. Após este período surgem os sintomas da doença.
Sintomas
A infecção por Dengue pode ser assintomática ou causar doença cujo espectro inclui desde formas oligossintomáticas até quadros graves com choque com ou sem hemorragia, podendo evoluir para o óbito. Normalmente, a primeira manifestação da Dengue é a febre alta (39° a 40°C) de início abrupto que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e prurido cutâneo. Perda de peso, náuseas e vômitos são comuns. Nessa fase febril inicial da doença pode ser difícil diferenciá-la de outras doenças febris, por isso uma prova do laço positiva aumenta a probabilidade de Dengue.
No período de diminuição ou desaparecimento da febre, geralmente entre o 3º e 7º dia da doença alguns casos irão evoluir para a recuperação e cura da doença, porém outros podem apresentar sinais de alarme, evoluindo para forma graves da doença.
A forma grave da doença é todo caso de Dengue que, no período de defervescência da febre, apresenta um ou mais dos seguintes sinais de alarme:
• Dor abdominal intensa e contínua, ou dor a palpação do abdômen
• Vômitos persistentes
• Acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, pericárdico)
• Sangramento de mucosas
• Letargia ou irritabilidade
• Hipotensão postural (Lipotímia)
• Hepatomegalia maior do que 2 cm
• Aumento progressivo do hematócrito
Como saber se estou desenvolvendo a forma grave da doença?
Entre o 3º e 7º dia de doença, a febre costuma diminuir ou desaparecer, é neste período que alguns sinais demonstram que o quadro pode estar se agravando, eles são chamados de sinais de alarme, e geralmente antecedem o choque, são eles: sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes, letargia, sonolência ou irritabilidade, hipotensão e tontura.
O choque ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido através do extravasamento, e caracteriza-se por pulso rápido e fraco, diminuição da pressão de pulso (diferença entre as pressões sistólica e diastólica, ≤ 20 mm Hg em crianças. Em adultos esse valor indica choque mais grave), extremidades frias, demora no enchimento capilar, pele pegajosa e agitação. Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque é de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada.
Se houver a presença de sinais de alarme ou de choque a pessoa deve retornar imediatamente ao serviço de saúde.
O que fazer se estiver com os sintomas de Dengue?
Procurar o serviço de saúde mais próximo, fazer repouso e ingerir bastante líquido, pode ser água, sucos, soro caseiro ou água de côco. Retornar ao serviço de saúde para ser reavaliado. Na presença de sinais de alarme e choque procurar imediatamente atendimento em unidade hospitalar.
Existe medicamento específico para combater ou prevenir a doença?
Não existem medicamentos específicos para combater o vírus ou prevenir que a pessoa adoeça. Toda pessoa com suspeita de Dengue deve procurar um serviço de saúde.
Como evitar a dengue?
Não existem medidas de controle específicas direcionadas ao homem, uma vez que não se dispõe de nenhuma vacina ou drogas antivirais. Atualmente, o único elo vulnerável da cadeia epidemiológica da Dengue é o mosquito. Assim, o controle está centrado na redução da densidade vetorial, como por exemplo, mantendo o domicílio sempre limpo, eliminando os possíveis criadouros.
Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia quando os mosquitos são mais ativos proporciona alguma proteção às picadas dos vetores da Dengue e podem ser adotadas principalmente durante surtos. Repelentes podem ser aplicados na pele exposta ou nas roupas. Os repelentes devem conter DEET, IR3535 ou Icaridin. Os repelentes devem ser utilizados em estrita conformidade com as instruções do rótulo. Mosquiteiros proporcionam boa proteção pra aqueles que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos).
Para redução das picadas por mosquitos em ambientes fechados, recomenda-se o uso de inseticidas doméstico em aerossol, espiral ou vaporizador. Instalação de estruturas de proteção no domicílio como tela em janelas e portas também podem reduzir as picadas.
Quais são os exames necessários em caso de suspeita?
Hematócrito, contagem de plaquetas e dosagem de albumina são os mais importantes para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes com Dengue, especialmente os que apresentarem sinais de alarme, sangramento, e para pacientes em situações especiais, como criança, gestante, idoso (>65 anos), portadores de hipertensão arterial, diabetes melitus, asma brônquica, alergias, doenças hematológicas ou renais crônicas, doença grave do sistema cardiovascular, doença ácido-péptica ou doença autoimune.
Exames específicos podem ser realizados para identificar qual o vírus que está causando a doença ou para saber se a pessoa teve contato com o vírus. As técnicas são variadas, as mais empregadas são: isolamento viral, PCR, NS1 e sorologia IgM . As amostras para cada exame são colhidas em diferentes fases da doença.
É importante destacar que quando ocorre uma epidemia, não é indicada a confirmação de todos os casos suspeitos por exame laboratorial. A maior parte dos casos irá confirmar-se por critério clínico-epidemiológico.
A Dengue ocorre só no Brasil?
Não. Há registro da doença em diversos países das Américas, bem como na África, Ásia, Austrália e Polinésia Pacífica.
Fontes acessadas:
Dengue: Aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento
Dengue: Curiosidades sobre o Aedes aegypti
Curso online que o EQB recomenda: Dengue: prevenção e diagnóstico laboratorial.