Não vá pensando que Biofilmes são filmes com relações biológicas, como Procurando Nemo, Vida de Inseto ou Bob Esponja. Você está enganado!
Os biofilmes são comunidades de bactérias envoltas por substâncias produzidas pelas próprias bactérias. Ou seja, a maioria das bactérias vive em uma comunidade e são livres no seu estado planctônico (quando se soltam do biofilme).
Mas qual a vantagem de viver em comunidade? Viver em comunidade confere a elas proteção contra diversos tipos de agressões que podem vir a sofrer como, por exemplo, a falta de nutrientes, o uso de um antibiótico ou algum agente químico utilizado para combater bactérias.
O crescente uso de biomateriais implantáveis vem elevando a expectativa de vida humana através do reestabelecimento de inúmeras funções vitais, mas verifica-se que ao mesmo tempo existe um problema, sendo que as infecções associadas à biomateriais (causadas por agentes etiológicos, causador de doença amplamente resistentes aos antimicrobianos) passaram a ser reconhecidas como um dos maiores problemas clínicos.
De acordo com o órgão norte-americano “National Institute of Health”, aproximadamente 80% de todas as infecções no mundo estão associadas a biofilmes, especialmente, envolvendo biomateriais.
O estudo dos biofilmes é bastante recente, possuindo pouco menos de 40 anos, por isso a necessidade de saber a sua organização, a sua regulação, assim como os mecanismos envolvidos na resistência dos biofilmes aos agentes antimicrobianos.
Pois bem, para crescer como uma comunidade esses microorganismos precisam de uma “base”, uma superfície para adesão. Então o primeiro estágio na formação de biofilme é a adesão bacteriana em uma superfície abiótica (como plásticos e metais) ou biótica (como células e tecidos animais ou vegetais). A adesão primária (ou adesão reversível) entre bactérias e superfícies abióticas ocorre mediada por interações físico-químicas não específicas, enquanto que a adesão a superfícies bióticas é acompanhada por interações moleculares mediadas por ligações específicas do tipo receptor-ligante.
A segunda etapa da adesão bacteriana é a adesão secundária. Nesse momento, os microorganismos consolidam o processo de adesão, através da produção de EPS (matriz exopolissacarídica). Essa matriz é como se fosse um cimento, que vai conferir rigidez a comunidade. Durante essa fase de adesão, os microorganismos são capazes de se ligar a células da mesma ou de diferentes espécies, formando agregados que vão estar firmemente ligados à superfície.
Sob determinadas situações, quando o ambiente não se encontra mais favorável ou, ainda, devido a uma programação celular para a virulência (é a capacidade infecciosa de um microrganismo), ocorre o desprendimento de células planctônicas ou de grupos de células unidas pelo EPS que podem colonizar um novo local.
Os estudos desse tipo de comunidade se tornaram mais consistentes nos últimos anos. Mas, o entendimento e o controle da formação de biofilmes é uma tarefa muito complexa. Essa complexidade pode ser atribuída à heterogeneidade das superfícies bacterianas, incluindo a variabilidade entre diferentes espécies e cepas e a dificuldade em reunir várias áreas do conhecimento científico, para abordar o problema de forma suficientemente interativa.
Referências
Cultura e Extensão – Microbiologia – ICB – USP
Biofilmes bacterianos patogênicos: aspectos gerais, importância clínica e estratégias de combate
Este post foi escrito por Camilla Ferreira, aluna de Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Feira de Santana.