As bactérias podem ser amigas e inimigas, alguns posts abaixo que publiquei aqui mostram claramente isso:
Poderíamos viver sem bactérias no corpo?
Plástico de cana de açucar se degrada em um ano por ação de bactérias
Flora bacteriana e sua relação com o autismo
As bactérias intestinais podem te fazer feliz?
Bactérias são utilizadas para diminuir a malária
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Além de causarem infecções e doenças, as bactérias também podem nos ajudar a emagrecer e até mesmo combater a acne . Agora, um novo estudo revela que além das bactérias, os vírus têm uma natureza dupla também. Pela primeira vez, pesquisadores demonstraram que os vírus podem ajudar o nosso corpo a combater os microrganismos invasores.
“Esta é uma história muito importante”, diz Marilyn Roossinck, ecologista viral na Pennsylvania State University, University Park, que não estava envolvida no trabalho, mas acompanhou a pesquisa de perto.
Uma das nossas mais importantes linhas de defesa contra invasores bacterianos é a de muco, que são as substâncias viscosas no interior da boca, nariz, pálpebras, e do trato digestivo, para citar apenas alguns lugares, criando uma barreira para o mundo exterior.
“O muco é realmente uma substância muito legal e complexa”, diz Jeremy Barr, um microbiologista da San Diego State University, na Califórnia, e principal autor do novo estudo. Sua consistência gelatinosa se dá graças às mucinas que são grandes moléculas em forma de escova feita de proteínas cercadas por cadeias de açúcares. Entre as mucinas há uma sopa de nutrientes e componentes químicos que atuam mantendo os microorganismos por perto, evitando que penetrem na corrente sanguínea. Os microrganismos, tais como bactérias vivem perto da superfície da camada das mucosas, enquanto que o muco, na parte inferior, perto das células que as produzem, ou seja, é quase estéril.
O muco também é o lar de fagos, vírus que infectam e matam as bactérias. Eles podem ser encontrados onde residem as bactérias, mas Barr e seus colegas notaram que havia ainda mais fagos no muco que em áreas livres de muco com apenas alguns milímetros de distância. A saliva humana, por exemplo, tinha cerca de cinco fagos para cada célula bacteriana, enquanto que na superfície da mucosa tinha de cerca de 40 fagos para 1 célula bacteriana. “Isso estimulou a questão”, disse Barr. “O que esses fagos estão fazendo? Eles estão protegendo o hospedeiro?”.
Para descobrir isso, Barr e seus colegas desenvolveram um tecido de pulmão humano em laboratório. Os pulmões são é uma das superfícies do corpo que são protegidas por muco, mas os investigadores criaram uma versão das células do pulmão, onde a capacidade de fazer muco foi inibida. Quando incubadas durante a noite com a bactéria Escherichia coli, cerca de metade das células em cada cultura morreram, a ausência do muco não ajudou em nada. Mas quando os pesquisadores adicionaram um fago que infecta E. coli, a taxa de sobrevivência elevou na presença de células produtoras de muco. Essa disparidade mostra que os fagos podem matar as bactérias nocivas, Barr diz, mas não está claro se eles ajudam ou prejudicam as bactérias benéficas, que podem depender de quais tipos de fagos estão presentes.
Em uma série de experimentos relacionados, a equipe descobriu que os fagos são ornamentados com moléculas diferenciadas que transformam as cadeias de açúcar em mucinas. Isso mantém os fagos no muco, onde eles têm acesso a bactérias, e sugere que os vírus e os tecidos produtores de muco estão adaptados e por isso são compatíveis um com o outro.
Superfícies cobertas de muco não são exclusivas para o nosso interior, o muco pode ser encontrado em todo o reino animal. Ele protege os corpos inteiros de peixes, vermes e corais, por exemplo. Fagos de proteção parecem ser igualmente amplos: Barr e seus colegas descobriram densas populações de fagos em todas as espécies de animais amostrados. “É um novo sistema imunológico, e nós pensamos que é aplicável a todas as superfícies das mucosas, e é um dos primeiros exemplos de uma simbiose direta entre fagos e um animal hospedeiro”, disse Barr.
Neste estudo, os pesquisadores escolheram o fago e a bactéria, mas é possível que o animal hospedeiro selecione fagos específicos para controlar determinados tipos de bactérias, como também podem “equipar” mucinas com determinados açúcares que os fagos reconhecem. O próximo passo, diz Barr, é explorar como esta simbiose funciona em superfícies mucosas da vida real de todos os tipos, onde diversos tipos de fagos e bactérias estão interagindo.
Pode também ser possível conceber um fago muco-compatível que pode combater a infecção ou alterar o equilíbrio microbiano do corpo, embora esta possibilidade ainda esteja muito distante. Este trabalho, Barr diz, “nos obriga a reavaliar o papel dos fagos. Esperemos que isto leva as pessoas a pensarem sobre o que eles fazem e como podemos usá-los à nosso favor e ajudar a combater a doença.” [Science Daily]