Inafligidos pelo calor extremo, radiação e até mesmo explorando o espaço, os predadores microscópicos conhecidos como tardígrados são sobreviventes campeões.
Embora sejam muito próximos filogeneticamente dos artrópodes (filo Arthropoda), os tardígrados possuem um filo próprio, o chamado Tardigrada, de onde vem o seu nome comum. Foram descritos pela primeira vez por J.A.E. Goeze em 1773. O nome Tardigrada foi dado por Spallanzani em 1776.
Os tardígrados são fitófagos em sua grande maioria (se alimentam de partes vegetais), mas alguns podem ser predadores e se alimentar de outros organismos vivos, como o Milnesium tardigradum.
Em 2007 vários espécimes pertencentes a duas espécies de tardígrados foram enviados ao espaço, onde foram expostos não apenas ao vácuo, onde é impossível respirar, mas também a níveis de radiação capazes de incinerar um ser humano. De volta ao planeta Terra, um terço deles ainda estava vivo, tornando-se assim os únicos animais capazes de sobreviver às condições do espaço extraterrestre sem a ajuda de equipamentos de que se tem conhecimento. Além do mais, 10 % dos sobreviventes foram capazes de reproduzir com sucesso, produzindo ovos que eclodiram normalmente.
Agora, uma equipe de biólogos pode ter descoberto o truque por trás de um de seus feitos mais impressionantes: a sua capacidade de sobreviver secas extremas e reidratar anos ou talvez até décadas mais tarde.
Também conhecidos como urso-d’água, os tardígrados vivem em habitats aquáticos em todo o mundo, por isso esta habilidade vem a calhar quando seu líquido evapora em situações de seca. Durante o processo, eles essencialmente perdem toda a água do corpo – inclusive todo líquido celular.
A partir desse momento, eles começam a bombear proteínas únicas e amorfas que formam um material semelhante a vidro dentro de suas células.
Conforme os pesquisadores relatam na revista Molecular Cell, o material pode isolar e abrigar moléculas vitais, tais como outras proteínas, até que a seca termine. Deste modo, a presença da água literalmente revive o tardígrado e o mesmo volta a viver normalmente.
A sua resistência e capacidade de sobreviver fora da atmosfera terrestre tem estimulado novas pesquisas para que astronautas possam permanecer mais tempo no espaço, e agora, com esta descoberta, os cientistas dizem que poderemos tomar emprestado as proteínas protetoras para melhorar a tolerância à seca das lavouras e preservar vacinas para que não precisem permanecer congeladas ou refrigeradas.