Ao contrário do que muita gente acha, os morcegos possuem representantes em diferentes guildas: carnívoros, onívoros, piscívoros, hematófagos, insetívoros e nectarívoros. O mais conhecido é o morcego vampiro. Porém, atualmente os morcegos que estão chamando atenção de estudiosos são os nectarívoros.
Um estudo recente que foi publicado na Science Advances, mostrou que pesquisadores da Universidade de Ulm na Alemanha descobriram detalhes sobre o comportamento e mecanismo de captação de néctar em morcegos usando um mecanismo de bombeamento com a língua.
Os morcegos estudados foram duas espécies distintas de nectarívoros: Glossophaga soricina (Pallas, 1766) e Lonchophylla robusta (Miller, 1912). Sendo que a primeira espécie apresenta a língua com papilas “hair-like” (semelhantes à fios). E a segunda possui somente ranhuras na língua.
Movimento da língua
As gravações revelaram diferenças distintas em padrões de movimento da língua entre as duas espécies. O morcego G. soricina inseriu o focinho na abertura do alimentador iniciando movimentos repetidos com a língua. Já L. robusta inseriu a língua no alimentador e se manteve nesta posição durante toda a visita sem trazer a língua de volta para a boca. A ponta da língua desta espécie apresentou comportamento diferente, assumindo uma posição quase horizontal logo a baixo da superfície do néctar.
Eficiência na extração de néctar
Flores artificiais (alimentadores) foram colocadas em uma balança de precisão e a quantidade de néctar extraído após cada visita foi gravada. Durante cada visita foram utilizadas armadilhas luminosas conectadas a um computador. Os resultados mostraram que a espécie L. robusta foi a que mais visitou os bebedouros e a que teve maior captação de néctar por indivíduo. A captação diminuiu de forma constante em ambas as espécies quando os morcegos tiveram de alargar a língua mais para baixo para níveis mais baixos de néctar no alimentador.
As diferenças drásticas em técnicas de extração néctar entre L. robusta e G. soricina são impressionantes dadas as suas estreitas relações filogenéticas. O comportamento de captação de G. soricina foi investigado anteriormente e consiste em movimentos estereotipados de lapidação de uma língua alongada, assistidos por longas papilas erguidas e ajudam efetivamente na limpeza do néctar de uma flor. Este comportamento foi classificado como imersão viscosa, e variações têm sido encontradas em formigas e abelhas. Em contraste, a técnica de absorção específica néctar e até agora não descrita de L. robusta transporta néctar em canais laterais profundos dentro da língua. A ponta da língua passa ao líquido e restos submersos durante toda a visita, assim o néctar está ativamente bombeado para dentro do bastão e depois para a boca.
Contudo, o estudo revelou um sistema de bombeamento específico de néctar até então não descrita em morcegos lonchophylline que representa uma evolução convergente para as línguas de morcegos glossophagine. Este novo mecanismo de captação de néctar, para esses mamíferos, levanta questões mecanicistas e ecológicas sobre a dinâmica de fluídos e partilha de alimento entre os morcegos nectarívoros.