O contexto
Cerca de 20 metros abaixo do oceano existem pequenas luzes vermelhas. Em 2008, Nico Michiels da Universidade de Tubinger na Alemanha e seus colegas demonstraram que, inexplicavelmente, muitas espécies de peixes emitem uma fluorescência com padrão avermelhado de seus corpos, e algumas são capazes de enxergar esses comprimentos de ondas. A equipe de Michiel avança nas buscas para determinar se isto tem alguma significância funcional nas espécies.
O experimento
Em um aquário com uma luz monocromática azul, machos de peixe da espécie Cirrhilabus solorensis responderam aos seus reflexos em um espelho, eriçando suas nadadeiras defensivamente ou tentavam atacar a própria imagem. Quando os pesquisadores colocaram um filtro no espelho que absorvia os comprimentos de onda vermelhos, os peixes tornaram-se menos agressivos, demonstrando que eles podem perceber e reagir à fluorescência.
Acima é possível ver um macho de C. solorensis sem o filtro de fluorescência. Abaixo temos a presença do filtro e o comportamento agressivo do mesmo.
O ajustamento
Nos ambientes marinhos profundos onde esses peixes vivem, existem pequenas quantidades de luz vermelha enquanto que a luz azul utilizada no experimento não existe nesses locais. O ajustamento no laboratório talvez tenha exageradamente influenciando no comportamento do peixe em relação à fluorescência vermelha, disse Gil Rosenthal da Universidade do Texas A&M, que não estava envolvido no trabalho. Sem estudar essa espécie de peixes nos ambientes de recifes – uma façanha desafiadora – é bem difícil de avaliar esse comportamento.
A simplificação
Peixes de recife pode ter uma ampla gama de respostas visuais e comportamentais previamente estudadas. Este estudo “indica que a fluorescência vermelha é uma importante parte da comunicação intraespecífica”, diz Michiel. Rosenthal observa que esses resultados também aumentam as questões, em primeiro lugar, sobre como a fluorescência vermelha em peixes de corais evoluiu.
O artigo científico
T. Gerlach et al., “Fairy wrasses perceive and respond to their deep red fluorescent coloration,”Proc R Soc B, doi:10.1098/rspb.2014.0787, 2014.
Fonte: Seeing red / Por Rina Shaikh-Lesko – The Scientist