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Mudanças climáticas, produtividade primária e riscos de extinção da espécie humana

NÓS ESTAMOS CORRENDO PERIGO

Estava escrevendo o post Fluxo de energia e níveis tróficos, e após ter visto algumas declarações dos maiores cientistas do planeta que falavam sobre a possível extinção da humanidade, que parece estar próxima, eu pude entender ainda mais como somos totalmente dependentes da natureza.
Como estava escrevendo sobre produtividade, energia e todo o equilíbrio da vida na terra, eu achei extremamente essencial e cabível mencionar a importância que esses processos naturais tem em nossas vidas, pois, fazemos parte da natureza e dependemos exclusivamente dela. De acordo com muitas pesquisas, uma pequena alteração nos produtores primários pode simplesmente destruir todas as formas de vida do planeta em um considerável curto período de tempo.

Muitos pesquisadores em todo o mundo estão muito preocupados com o aquecimento global e com a extinção da espécie humana. Isso se dá pelo fato de que se continuar aumentando a quantidade de radiação solar que atinge a crosta terrestre (devido à redução da camada de ozônio) e a temperatura continuar aumentando – prejudicando ainda mais a camada de ozônio – nós teremos gigantescos problemas e muitas guerras. Como os primeiros organismos afetados pelo aquecimento global são os produtores primários, os desafios não são tão fáceis de serem superados nessa luta para salvarmos nosso planeta e nós mesmos (de nós mesmos). Nós estamos poluindo, desmatando e destruindo nosso planeta numa velocidade incrível e o efeito estufa é apenas uma parte do problema que vai piorar no futuro.
Vários organismos até suportariam receber maiores incidências de radiação solar e maiores temperaturas, porém, a maioria deles não está adaptada para lidar com o problema da desidratação e desnaturação das proteínas em função da elevação da temperatura atmosférica. A maioria dos organismos produtores primários terrestres é encontrada nas grandes florestas tropicais (maior produtividade primária líquida), que estão seriamente ameaçadas devido aos gigantescos impactos antrópicos constantes.

Nós sabemos que os problemas estão emergindo e sabemos o que devemos fazer para evitá-los, mas, porque não fazemos o certo? Porque somos tão burros e cegos, comandados pelo capitalismo?

À medida que os oceanos aquecem em decorrência das maiores incidências de radiação solar, muitas espécies de fitoplânctons são extremamente afetadas e por conseqüência toda a vida marinha também. Estima-se que nos últimos 50 anos perdemos cerca da metade de fitoplânctons dos oceanos. Algumas plantas terrestres podem até resistir a uma maior incidência solar, mas, elas não toleram grandes perdas diárias de água. Se realmente acontecer o que os cientistas estão prevendo, as plantas perderiam água tão rapidamente que as lesões teciduais poderiam ser irreversíveis em questão de horas. Além disso, a água teria o seu ciclo modificado de forma que não poderíamos fazer nenhum tipo de previsão sobre chuvas e estações, porque a temperatura elevada alteraria significativamente tudo que sabemos sobre o ciclo da água, sobre o clima, etc. Tudo isso, em conjunto, causaria um verdadeiro impacto em toda a humanidade: o ser humano seria extinto não por catástrofes e eventos estocásticos gigantescos, mas simplesmente pela falta de alimento e as guerras em decorrência disso. Nenhum vegetal suportaria tamanhas alterações hídricas em função desta rápida mudança ambiental que foi acelerada principalmente pela poluição industrial, que ocorre o tempo todo. Nesse caso, não teríamos o que cultivar, nós morreríamos de fome. Sem produtores primários em grande parte do planeta, toda a biodiversidade iria declinar rapidamente.

As tão faladas calotas polares e o seu derretimento, em função do aquecimento global, parecem ser o principal causador de todo o medo que cerca os pesquisadores – abaixo do permafrost há milhares de gigatoneladas de gás metano. [Veja esse vídeo sobre o desespero dos maiores cientistas que estudam mudanças climáticas].

Atualmente já chegamos a valores absurdos (em gigatoneladas) de gases de efeito estufa na atmosfera, que emitimos desde o início da revolução industrial. Esses gases afetam drasticamente a camada de ozônio e nos deixam cada vez mais vulneráveis às doenças de pele e aumenta aos impactos na produtividade primária e também prejudicam diversos outros pontos-chave importantes dos ecossistemas. Por exemplo, com o aquecimento global as geleiras estão reduzindo cada vez mais, expondo áreas que há poucos anos atrás estavam ocultas. Abaixo das maiores regiões frias do planeta, existem ‘buracos’ que possuem milhares de gigatoneladas de metano, um gás altamente poluente que contribui de forma significativa para o efeito estufa. Os pesquisadores estão temendo desesperadamente porque a qualquer momento esses buracos pode ser expostos pelo gelo que está derretendo e então o metano escaparia de um local no qual estava armazenado há milhares de anos. As melhores estimativas são de que esses buracos serão expostos entorno de 2040, ou, talvez antes – só sabem que o perigo existe e que os pesquisadores não estão conseguindo acessar áreas congeladas que antes acessavam tranquilamente. O gelo dessas regiões onde os pesquisadores atuam, está cada vez mais fino. Os pesquisadores estão desesperados por um motivo lógico e coerente: eles estão vendo o que está acontecendo com o planeta desde quando iniciaram a carreira científica, e muitos, confirmaram em um curto período de tempo, vários acontecimentos que previram algumas décadas atrás. Quem sou eu ou você para duvidar?

Esse foi um resumo do que aprendi sobre o efeito das mudanças climáticas nos organismos produtores primários e como isso pode definitivamente eliminar os humanos da face da terra, se de fato, acontecer o que os cientistas estão temendo ultimamente. Para mais detalhes sobre as mudanças climáticas e o futuro da humanidade, recomendo que veja essa postagem, que é uma entrevista com um dos maiores cientistas de mudanças climáticas do planeta, o sr. James Lovelock, criador da teoria de Gaia (que diz que a terra é um superorganismo “vivo”).
Vejamos agora algumas publicações relevantes sobre o aquecimento global, mudanças climáticas e a extinção de espécies em todo o planeta.
Título: Extinction risk from climate change
Revista: Nature [Abstract]
Resumo: Através de diversas projeções computacionais para um conjunto de dados que representam cerca de 20% da superfície terrestre, cientistas estimaram que até 2050 a taxas de extinções de espécies no planeta varia de 15 à 38%.
Título: Biodiversity conservation: Uncertainty in predictions of extinction risk
Revista: Nature [Abstract]
Resumo: Os autores deste artigo questionaram a precisão das análises do artigo citado acima e sugerem que essas estimativas estão um pouco ‘equivocadas’. Em suas análises a taxa de extinção variou de 5,8 a 78,6% e que duas fontes de incerteza podem ser responsáveis pela maior variabilidade nas previsões.

Título: Biodiversity conservation: Uncertainty in predictions of extinction risk/Effects of changes in climate and land use/Climate change and extinction risk (reply)
Revista: Nature [Abstract]
Resumo: Nessa réplica, os autores que tiveram o artigo criticado disseram que eles continuam afirmando o que já propuseram no artigo: que as mudanças climáticas representam uma grande ameaça para as espécies terrestres.
Título: Biodiversity: Extinction by numbers
Revista: Nature [News and Views]
Resumo: Recomendo a leitura completa desse excelente texto dos autores Stuart L. Pimm (Jardim Botânico de Missouri) e Peter Raven (Centro de Pesquisa Ambiental e Conservação da Universidade da Colômbia).
LUZ NO FIM DO TÚNEL?
Por mais estranho que possa parecer, talvez tudo isso que eu comentei acima possa ser simplesmente impossível de ocorrer. Mesmo que existam muitos pesquisadores temendo o pior, outros pesquisadores de mudanças climáticas encontraram alguns resultados que os surpreenderam – evidenciando a força da natureza e a seleção natural em ação. Vou listar alguns estudos relevantes sobre as ‘surpresas’ que poderemos ter no futuro em relação aos organismos produtores e as respostas dos mesmos às variações climáticas.
Título: Plants have unexpected response climate change
Revista: Global Change Biology [Abstract]
Resumo: Das 300 espécies monitoradas em 7 regiões da América do Norte impactadas com as mudanças do aquecimento global ao longo de 40 anos, 60% destas moveram-se para altitudes baixas.
Título: Changes in Climatic Water Balance Drive Downhill Shifts in Plant Species’ Optimum Elevations
Revista: Science [Abstract]
Resumo: Mudanças de vegetais para regiões mais elevadas está bem documentada na história. Por outro lado, mudanças para altitudes mais baixas não são tão registradas. Nesse estudo com 64 espécies vegetais estudadas desde 1930, os pesquisadores observaram que as espécies se deslocaram de regiões elevadas para áreas mais baixas, estando relacionada com a variação de nichos disponíveis em função do balanço hídrico climatológico. Os pesquisadores disseram que a quantidade de água nesses locais, ainda com o aquecimento global, supera as taxas de evaporação e que mudanças para baixas altitudes pode continuar ocorrendo no futuro.
Título: A Significant Upward Shift in Plant Species Optimum Elevation During the 20th Century
Revista: Science [Abstract]
Resumo: Em um estudo detalhado, pesquisadores observaram mudanças de 107 espécies vegetais para regiões mais elevadas e frias, devido ao aquecimento global. Os dados foram reunidos em alguns períodos distintos, de 1905 a 2005. Eles observaram que as plantas tem se deslocado cerca de 29 metros a cada década.
Título: Climate change causing movement of tree species across the West
Fonte: News & Research Communications, Oregon State
Resumo: Nos EUA e Canadá, pesquisadores demonstraram que grande parte das espécies vegetais monitoradas em diversos estudos, se moveram para regiões mais elevadas. Ao mesmo tempo, outras espécies oportunistas ocuparam as áreas antes ocupadas pelas espécies principais monitoradas. Os pesquisadores concluíram que ao longo do aumento da temperatura global essa substituição de espécies será inevitável e a migração continuará ocorrendo para as regiões mais altas. A riqueza de espécies e abundância também vai ser alterada ao longo do tempo.
Espero que tenham gostado dessa postagem. Comentários, sugestões e críticas, sempre serão bem-vindos!
Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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