Um peixe não precisa de olhos para contar. O peixe cego da Somália, conhecido como Cavefish (Phreatichthys andruzzii) escolhe entre diversas varas com quantidades diferentes de iscas, as que possuem maiores quantidades de alimento.
Estudos anteriores demonstraram que os peixes – bem como mamíferos e aves – podem ser treinados para discriminar entre quantidades. Para testar se o peixe cego, que evoluiu durante milhões de anos na escuridão perpétua de cavernas sob o deserto, ainda tem essa capacidade, os pesquisadores colocaram diversos conjuntos de varas plásticas nas laterais de seus tanques, e adicionaram flocos de alimentos só entre o maior conjunto de varas.
O peixe cego, eles relatam esta semana no The Journal of Experimental Biology, aprendeu a escolher as varas maiores, que tinham mais alimento, mesmo quando este não estava mais presente. Mesmo quando as varas escolhidas foram arranjadas em outras posições no aquário, o peixe escolheu corretamente as varas que já havia escolhido antes, porque ele aprendeu que o maior conjunto de varas tinha mais alimento.
Cego a vida inteira, o cavefish desenvolveu seus sentidos através da detecção de mudanças sutis no fluxo de água ao seu redor, sendo capaz de diferenciar quantidades. Além disso, o contato como diferentes formas e quantidades provavelmente o ajuda a se aproximar da maior quantidade de larvas de insetos ou plâncton para sobreviver, ou a juntar-se o maior grupo de outros cavefish para se protegerem, como se pudesse literalmente contar o número de indivíduos através de sua percepção “cega”.