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O Biólogo e o mestrado – Erros e acertos

Dois meses após a minha colação
de grau oficial e recebimento do certificado de conclusão de curso em Ciências Biológicas,
eu fui aprovado no mestrado em Ecologia e Conservação da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul.
Neste post eu falarei exatamente
sobre isto, como entrar no mestrado logo após a graduação. Falarei também sobre
as minhas dificuldades e erros que cometi, e, como me preparei para as etapas
de seleção do mestrado.
Desde o início da graduação, eu
já sabia que queria trabalhar com mamíferos e, tive mais certeza disso quando
resolvi conhecer um projeto, o Projeto Queixada. No post 5 dicas importantes naescolha de sua área de atuação eu falo muito sobre esta etapa importante,
recomendo a leitura.
É num lugar como este que vou realizar minha pesquisa de pós-graduação, no mestrado em Ecologia e Conservação!
Após ter decidido o que eu queria
fazer, que era ser um mastozoólogo e conservacionista (que estuda mamíferos),
eu consequentemente já decidi o mestrado que ia fazer, que, seria exatamente o
de Ecologia e Conservação, aqui na UFMS. Primeiro, escolhi este mestrado porque
é realmente a ecologia que pode nos proporcionar um conhecimento muito amplo e
específico sobre as diversas relações das espécies com o meio biótico e
abiótico, o que possibilita uma ampla compreensão sobre o modo como ocorrem os diferentes
processos naturais. Sendo um ecólogo e tendo conhecimento desses processos e
relações, eu posso atuar na conservação das espécies, que é o que o programa
propõe a ensinar através de diferentes linhas de pesquisas. Segundo, escolhi
este mestrado porque eu sempre adorei o Pantanal, e, sempre quis realizar
estudos e atuar na conservação da biodiversidade deste importante bioma.
Assim sendo, ao longo da
graduação fui fazendo contatos com professores docentes do mestrado e também
com pesquisadores diversos de outras áreas. Enviei muitos emails e conversei
até mesmo pelo Facebook com muitas pessoas. Inclusive, conversei muito com
ex-mestrandos (atuais mestres em ecologia e conservação). Pude aprender muito
sobre o mestrado e também sobre os processos seletivos.
É importante fazer isso.
Conversar com pesquisadores da linha de pesquisa de seu interesse faz com que
você aumente o seu campo de visão sobre o projeto que irá desenvolver, faz com
que você amplie as suas perguntas e busque por mais respostas ou soluções de
problemas, o que é importantíssimo, é a essência de um pesquisador. Conversar
com ex-mestrandos é importante também, pois, eles podem dizer como é o processo
seletivo, quais foram as suas dificuldades, como eles se prepararam e podem
ainda nos dar muitas dicas valiosas.
Conhecendo bem o processo
seletivo, eu comecei a me programar. Fui atrás de um pesquisador que
trabalhasse no pantanal, com mamíferos. Foi então que me lembrei do Walfrido
Tomas, um médico veterinário e mestre, pesquisador da Embrapa Pantanal. Lembro
de ter visto um capítulo que ele escreveu no livro Mamíferos do Brasil e também
já o conhecia de outros estudos que o mesmo havia realizado pela Embrapa
Pantanal, em publicações diversas.
E ai, eu simplesmente entrei em
contato com ele! Disse que queria muito estudar mamíferos do Pantanal, que já
conhecia o trabalho dele e que eu queria desenvolver um projeto de pesquisa
para tentar entrar no mestrado em Ecologia e Conservação da UFMS. E, perguntei
se ele poderia me ajudar e me co-orientar num projeto com uma espécie de
mamífero no Pantanal. Ele prontamente me atendeu, disse que tinha várias linhas
de pesquisa e que poderíamos desenvolver um projeto com uma espécie de cervídeo
que ele estava pretendendo monitorar e conhecer mais.
Foi ai que eu fui conhecer a
Fazenda Nhumirim, a base de pesquisa da Embrapa Pantanal, localizada no
município de Corumbá – MS, no pantanal da Nhecolândia. Lá eu também conheci o
Walfrido pessoalmente e, desde então comecei a escrever o meu projeto, lendo
alguns artigos e também conhecendo mais a espécie do estudo, que é a Mazama
americana (veado-mateiro). Isso tudo eu fiz antes de iniciar o último semestre
de graduação e, sem ao menos saber quando abriria o processo seletivo para o
mestrado.
Posteriormente, fui na UFMS e
conheci o meu orientador, o professor Marcelo Bordignon. Apresentei o projeto a
ele e perguntei se ele poderia me orientar neste mestrado. Ele aceitou e, no
mesmo dia fizemos algumas correções, ajeitamos umas coisinhas, e finalizei o
projeto. Consegui o mais importante para prestar as provas do mestrado, que
era, logicamente, ter um bom projeto e também bons professores e pesquisadores
me orientando.
Eu tentava estudar para a prova,
porém, não conseguia, pois além de estar estudando as disciplinas normais do
último semestre, eu ainda tinha que finalizar meu TCC e apresenta-lo. Foi uma
grande correria, mas, deu tudo certo no final. Porém, eu só pude realmente
estudar para o mestrado com mais tempo e disposição, no começo do ano de 2014.
Soube então que o processo seletivo iria começar dia 17 de março de 2014.
Comecei a estudar muito, fiz
vários resumos, explicava em voz alta, anotava, fazia esquemas, escrevia posts
para o blog, fazia apresentações em slide e eu mesmo apresentava para mim. O
processo seletivo teve uma prova de inglês, uma prova específica de ecologia e
a etapa de análise do currículo e entrevista.
A prova de inglês foi basicamente
uma série de perguntas sobre este artigo publicado na Science “ARTIGO LOBO
SCIENCE”. Todos os inscritos passaram nesta etapa! Eu a considero como uma
etapa fácil. Porém, confesso que tive muito medo de estar difícil ou de eu não
ter um nível de inglês bom para entender todo o artigo, tendo em vista que a
média de todas as etapas é 5, e, se não passar no inglês, o candidato nem faz a
prova de ecologia e nem vai para a última etapa.
Mesmo tendo estudado por cerca de
3 meses ainda assim tive algumas dificuldades na prova, que, todos consideraram
estar difícil, assim como eu também achei que estava. Dentre os 14 inscritos,
somente 7 passaram, e, a maior nota final foi menor que 7,80.
Eu conversei com ex-mestrandos e
mestrandos atuais, e, pelo que me informaram a prova do ano passado, eu sabia
tudo, estava fácil. Porém, nesta realmente fiquei surpreso, pois a dificuldade
que eu tive foi grande. Não consegui elaborar alguns gráficos como as questões
pediam, e, vi que tenho que reler o livro Fundamentos em Ecologia, mas, desta
vez me atentando muito aos gráficos. A maioria das pessoas que conheci, disseram
ter dificuldades com as interpretações dos gráficos e também dificuldade para
construí-los. Mesmo eu adorando ecologia, confesso que tenho dificuldades com
os benditos gráficos. Mas, já comecei a estudar alguns e estou cheio de
questionamentos para levar ao meu orientador e co-orientador.
Eu deveria ter me preparado mais!
Deveria ter ficado muito menos no facebook e muito mais na frente de um livro
de ecologia. Deveria ter deixado de ir dormir muito tarde, ter acordado cedo e
estudado nos horários corretos. Deveria ter feito um cronograma de estudos, com
pausas e horários de descanso corretos, mas nunca sequer consegui seguir o
cronograma que preparei nem por 3 dias consecutivos. Tenho muita dificuldade
com horários quando tenho que me organizar para fazer algo. Mas, não tenho
dificuldade com horários de compromisso, sempre chego nos locais antes mesmo da
hora combinada.
Eu deveria ter me esforçado muito
mais. Eu poderia ter lido o livro mais vezes e ter compreendido melhor vários
assuntos. Ou, se eu fosse realmente organizado e estudasse corretamente,
poderia ter lido outros livros sem qualquer dificuldade. Mas não! Eu sempre
fico nesse facebook. Então, o primeiro e único conselho que gostaria de dar,
após relatar esta minha história, é, SAIAM DO FACEBOOK, ESTUDEM PRIMEIRO,
CURTAM DEPOIS.
Sei que estudar, mesmo que seja
algo que gostamos, é muitas vezes complicado. Para mim pelo menos foi. Nós
somos jovens, temos vontade de fazer muitas coisas, de curtir, distrair,
relaxar a mente, dormir, etc, e, essas vontades se intensificam quando temos
que parar, concentrar e estudar. Mas, mesmo que seja muito tenso, se esforcem.
Eu passei na prova de ecologia mas minha nota não foi boa, quase nem vou para a
etapa final. Se eu tivesse deixado o facebook e outras bobeiras de lado e
estudasse mais, com certeza eu teria tido uma boa nota! Eu ficava mais
preocupado com a página, com o blog e com o facebook, que eu gosto muito, do
que com o próprio estudo para a prova de mestrado (que é o meu sonho desde que
entrei na graduação). Ou seja, pra quê isso? Se é o meu sonho, porque eu não me
esforcei mais? E se eu não tivesse aprovado? Ia culpar Deus, o universo, o destino?
Não, ia ser somente e exclusivamente minha culpa, pois, eu deveria ter me
esforçado mais.
Então, não deixem seus problemas
pessoais, brigas no namoro ou em casa, ou até mesmo briga com amigos, te
desanimarem ou te distraírem, ao ponto de você correr o risco de não conseguir
passar e entrar para o mestrado, que eu creio ser algo muito importante para
você. E, faça como eu sempre digo, busque se informar, entre em contato com
pesquisadores, professores, faça perguntas, converse, aprenda mais, para que
realmente saiba o que quer fazer.
E, não se esqueçam, se o mestrado
é o sonho de vocês, para depois seguirem a carreira de pesquisadores e entrarem
também no doutorado, lembrem-se: não sejam fracos, não se deixem abater pelas
dificuldades da vida, estudem, estudem e estudem o máximo que puderem. Com
certeza será muito gratificante ser aprovado no mestrado que vocês tanto
queriam. Eu estou muito feliz, porém, fiquei muito pensativo, pois, eu não
poderia ter passado, e ai, iria lembrar como fui fraco e deixei muitas vezes de
estudar mais para ficar “distraindo a mente” no facebook e em outros lugares
que não puderam acrescentar nada na conquista deste meu sonho, pelo contrário,
só me atrapalharam.

Desejo-lhes boa sorte, e, se
precisarem de ajuda, já sabem, podem contar comigo! Podem comentar logo abaixo,
enviar email ou me adicionar no Facebook (mas, cuidado com essa rede social,
ela nos domina!).

Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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