Cientistas descobriram um novo tipo de vírus 50 anos após a descoberta do último tipo. O achado surpreendente foi anunciado em uma grande surpresa para muitos pesquisadores da área, lançando uma luz ao patógeno e nos fazendo pensar se ele está evoluindo e pode se tornar uma ameaça maior.
Segundo Duane Gubler, especialista em dengue na Graduate Medical Duke- NUS em Cingapura, esta descoberta pode mudar a maneira de pensarmos sobre a evolução do vírus da dengue e sua emergência.
Ainda não existe vacina ou medicamento contra a dengue, doença esta que é veiculada por mosquitos e causa febre e dor nas articulações e até dores musculares insuportáveis. Os pacientes geralmente se recuperam por conta própria, porém em casos graves se faz necessário o apoio médico. Ocasionalmente a doença progride para a dengue hemorrágica, uma complicação potencialmente fatal em que o sangue extravasa através da parede dos vasos. A infecção confere imunidade para o tipo específico de vírus que penetrou no organismo, porém uma segunda infecção com um segundo tipo de vírus aumenta as chances da doença piorar. E as pesquisas se concentram em tentar desenvolver vacinas que protejam as pessoas contra os quatro tipos existentes de dengue.
Porém esta tarefa se tornou mais desafiadora após a descoberta do quinto tipo de vírus. Este vírus descoberto oficialmente somente agora, na verdade já havia sido identificado em 2007 num surto de dengue no estado de Sarawak na Malásia, onde os pesquisadores suspeitavam que era um tipo diferente dos quatro sorotipos oficiais. Eles sequenciaram este vírus e descobriram que é filogenéticamente distinto dos outros quatro tipos, ou seja, ele não tem similaridades genéticas com os outros tipos, possuem origens evolutivas diferentes.
“Temos descoberto e caracterizado um novo sorotipo da dengue”, anunciou Nikos Vasilakis, virologista da Universidade do Texas Medical Branch em Galveston, que palestrou na Terceira Conferência Internacional sobre Dengue e febre hemorrágica da dengue.
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“Eles fizeram um trabalho muito bom na caracterização do vírus, e é convincente que ele é distinto dos outros quatro”, diz Thomas Scott, especialista em dengue da Universidade da Califórnia, em Davis.
O que isso pode significar para o controle da dengue não é claro. Até agora, a dengue tipo 5 tem sido associada a um surto só em seres humanos. Vasilakis suspeita que está circulando, possivelmente entre os macacos, nas florestas de Sarawak. Se ele se espalhar, poderia fazer o desenvolvimento da vacina humana ser ainda mais desafiador. “Nós não precisamos de outra complicação no controle da dengue”, diz Scott.
Os esforços atuais para conter a doença estão aquém. Em conversas, pesquisadores da Malásia, Filipinas e Tailândia, disseram que, apesar de programas de controle lançados na década de 2000, os casos de dengue estão aumentando, apesar do número de mortes ser baixo, graças a uma melhor gestão de casos graves. “A dengue está se espalhando das áreas urbanas para áreas rurais e para os países, como Nepal, onde nunca foi vista antes”, disse Samlee Plianbangchang, da Organização Sudeste Asiático e diretor Mundial de Saúde regional.
A incidência anual global, cerca de 390 milhões de casos, é de cerca de três vezes o valor estimado anteriormente, os pesquisadores relataram este fato em abril, na revista Nature.
Apesar do revés recente no desenvolvimento de vacinas, Plianbangchang disse que os projetos desenvolvidos pelos grupos de pesquisa estão “prestes a produzir uma vacina em um futuro próximo.” Mas ele acrescenta que a vacina vai complementar, e não substituir, os esforços para conter a dengue por meio do controle do mosquito e conscientização pública. ” A dengue estará conosco por muitos anos e pode piorar”, disse ele. (Fonte)
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