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O mundo dos opiliões

Opiliones é a terceira ordem mais diversa dentre a classe Arachnida, dividido em 4 subordens, com 49 famílias conhecidas e quase 7000 espécies. Vivem em ambientes úmidos e escuros, debaixo de pedras e troncos, no extrato arbóreo e em cavernas. Ocorrem em todos os habitats terrestres e em todos os continentes, exceto na Antártida. O nome Opilio é de origem latina e significa “pastor de ovelhas” devido à utilização do seu segundo par de pernas para inspecionar o ambiente à sua volta.

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Os opiliões apresentam um corpo compacto, com o prossoma (cefalotórax) amplamente fusionado ao opistossoma (abdômen). No prossoma, encontra-se as quelíceras, os pedipalpos, quatro pares de pernas, sendo o segundo par muitas das vezes alongado e usado como um apêndice sensorial (podendo ultrapassar incríveis 20 centímetros de comprimento em espécies do gênero Mitogoniella e apresentando também um par de olhos. Nas margens laterais do prossoma, encontra-se a abertura de um par de glândulas que liberam secreções de odor desagradável, como alcoóis, cetonas, aldeídos, quinonas, daí o nome comum de “aranhas-fedorentas”.


Muitas pessoas os confundem com as aranhas, mas mesmo com a morfologia “semelhante” à estas, eles estão mais próximos filogeneticamente dos escorpiões, pseudoescorpiones e Solifugae (outras ordens de aracnídeos), ou seja, possuem um ancestral em comum mais próximo. As espécies deste grupo possuem colorações das mais variadas possíveis, como amarelo, preto, vermelho e verde, além de algumas espécies possuírem dry-marks (mancha-seca) na parte dorsal do corpo, que desaparece se armazenado em álcool, podendo reaparecer caso o animal seja seco, sendo importantes caracteres taxonômicos para a identificação de muitas espécies.
Muitos opiliões da subordem Laniatores possuem cuidado maternal e paternal, sendo o cuidado paternal extremamente raro, encontrado apenas em alguns grupos de anfíbios, peixes e em algumas espécies de aves, artrópodes e poliquetos (vermes aquáticos). Estudos indicam que o cuidado paternal em opiliões pode ter sido bem sucedido devido ao fato de que quando um opilião macho cuida dos ovos das fêmeas, ele estaria indicando ser um “bom protetor” dos ovos, quase que dizendo para as fêmeas: “ei, acasale comigo que cuidarei de seus ovos”, aumentando assim a atratividade dos machos pelas fêmeas, o que acaba fazendo-os copular com várias fêmeas e cuidar dos ovos de todas elas simultâneamente. São os únicos aracnídeos com fecundação direta, juntamente com alguns ácaros, com os machos portando pênis e as fêmeas um ovopositor eversível.
Muitos pesquisadores no Brasil e mundo afora estudam os opiliões, nas mais diversas áreas como taxonomia, comportamento, ecologia e biogeografia, sendo um grupo muito fascinante para se trabalhar, além de provavelmente ainda se terem muitas espécies novas para serem descobertas para a ciência.

Espécie do gênero
Mitogoniella (Goniosomatinae) cuidando de seus ovos na parede de uma caverna.
Fonte: Rodrigo L. Ferreira.
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Guellity Marcel
Guellity Marcel
Biólogo, mestre em ecologia e conservação, blogger e comunicador científico, amante da vida selvagem com grande interesse pelo empreendedorismo e soluções de problemas socioambientais.
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