Epidemiologia dos acidentes por Thalassophryne nattereri (niquim) no Estado do Ceará (1992-2002)
Resumo: No Estado do Ceará (1992 a 2002), 16 casos de envenenamento com o Thalassophyne nattereri ocorreram no litoral, a maioria (87,5%) em praias de Fortaleza e 12,5% do interior. Noventa e quatro por cento eram do sexo masculino e 6% feminino. Com relação à idade, 75% estavam na faixa etária de 21 a 40 anos, 19% entre 41 e 60 anos e 6% entre 1 a 10 anos. O tempo de exposição foi de 1 a 5 horas (4), 6 a 12 (3), mais de 12 horas (4), 5 pacientes não informaram o tempo decorrido entre o acidente e o atendimento. Manifestações clínicas observadas foram dor, edema local, isquemia transitória, parestesia, equimose e sensação de queimação local. O tratamento consistiu de antiinflamatórios e analgésicos. Em alguns casos, foram usados anestésicos, água morna, debridamento cirúrgico e anti-histamínicos. Em 75% dos casos, observou-se cura confirmada e em 12% a cura não foi confirmada, em dois a evolução foi ignorada. Provavelmente, o número de acidentes ocorridos é maior do que o encontrado devido a subnotificação.
O resultado demonstra que dos 16 pacientes aproximadamente 2 (12% = 1,92) não foram curados, o que possivelmente prova como o veneno deste animal é extremamente nocivo para nós humanos.
Existem 15 espécies de peixes peçonhentos do gênero Thalassophryne (T. nattereri, T. punctata, T. reticulata, T. amazônica, T. branneri, T. montevidensis) encontradas em nosso país, sendo a Thalassophryne nattereri responsável por grande número de acidentes. Os peixes do gênero Thalassophryne possuem um dos mais perfeitos aparatos de veneno, com glândulas conectadas a acúleos ocos localizadas na região anterior à nadadeira dorsal e nas regiões pré-operculares. Essa particularidade permite que o veneno seja injetado sob pressão. Os acidentes causados pela espécie T. nattereri são freqüentes no litoral do Brasil, particularmente no Nordeste, representando um problema de Saúde Pública. Estes acidentes ocorrem na maioria das vezes na região plantar ou palmar, quando ao pisar inadvertidamente no peixe, há perfuração do tegumento com liberação do veneno por pressão sobre o tecido glandular.
Porém, caso não confirme ou não consiga ver se realmente pisou neste peixe, há uma forma fácil de saber:
Pé de um pescador que se acidentou com o peixe niquim. Fonte imagem |
Show de bola! Obrigado Jefferson por me mostrar estes vídeos para que eu postasse aqui!