Sistemática Vegetal uma história baseada em invenções, fatos e descobertas. Desde os primórdios, pessoas que eram interessadas em Botânica, apenas se dedicavam ao conhecimento de espécies com interesse econômico e principalmente relacionado a plantas com potencial de remédios. Grande parte destes pesquisadores eram médicos, farmacêuticos ou até mesmo indígenas… O desenvolvimento de técnicas relacionadas a “dar nomes” às plantas teve um impulso gigantesco na Europa, onde as grandes Universidades como de Berlin e Londres, começaram a relacionar os nomes dos pesquisadores da área. Passado alguns anos, grandes plantas foram destacadas principalmente de coletas de Europeus nas terras da América do Sul e da África, amostras estas hoje depositadas quase que praticamente no Royal Botanic Gardens, Kew em Londres (http://www.kew.org)
Os nomes compostos em “latin” dado as plantas eram baseados apenas em morfologias externas, visualizações comparativas entre flor, folha e semente, porém observava-se uma diversidade gigantesca de espécies tropicais, com isto, academias universitárias dos E.U.A. começaram a se preparar para poderem começar as pesquisas nesta área, local de onde se dispersaram os pesquisadores botânicos do restante da América, da Oceania, da Ásia e de outros locais.
Com a junção de várias escolas botânicas mundiais, acabou-se por dar início a TAXONOMIA, a escola responsável por nomear as espécies, como exemplo o trabalho de Linnaeus (1753) e a SISTEMÁTICA, a qual se baseava na comparação entre plantas similares, com a finalidade de indicar qual delas possuem caracteres sinapomórficos (uma característica presente em um determinado grupo, compartilhado por todos os componentes), para saber qual deles seria o mais basal, ou seja, o possível originário de um gênero, como os trabalhos de Darwin (1869) e Hennig (1950 e 1966).
Mais tarde começaram-se as pesquisas através de material genético (DNA), para a composição de bancos de DNA com determinação da quantidade cromossômica de cada espécie, e também a fim de manter um banco de germoplasma para o desenvolvimento futuro de espécies já não mais existentes como nativas em um determinado hábitat. Estes estudos facilitaram e complicaram um tanto quanto o estudo dos botânicos, pois surgiu então a FILOGENÉTICA, atividade pela qual se tornou possível à capacitação de pesquisadores que conseguissem compor a árvore de desenvolvimento de uma espécie, de um gênero e de uma família inteira, ou seja, as relações da história evolutiva do grupo em estudo. Mas divergências na análise acabaram por complicar estas análises, visto que cada pesquisador tem um ponto de vista relacionado a um caráter, fazendo com que ocorresse a junção destes, formando assim APG (Angiosperm Phylogeny Group) I em 1998, II em 2003 e III em 2009.
A capacitação profissional com base em Mestrado, Doutorado, Pós-Doutrado tem facilitado a utilização destes materiais e até mesmo a compilação de dados para um futuro APG IV. Algumas modificações foram necessárias para que a compreensão geral facilitasse a ausência de sinapomorfias e a utilização de anapomorfias (característica particular, compartilhada por uma determinada planta).
Algumas características são bastante importantes para a Nomalização de uma nova espécie, baseada em CINB (Código Internacional de Nomenclatura Botânica), como a auto-independência relacionada a Zoologia (1), o nome é determinado por tipos de nomenclatura (2), a publicação de um novo grupo determina sua nomenclatura (3), pode possuir apenas um nome válido (4), utiliza-se sempre, via regra um nome baseado no latin (5) e as regras são retroativas, exceto quando limitadas (6).
Na nominação de uma espécie utiliza-se o gênero o qual está classificado, caso seja um novo, ocorre apenas após a publicação e após, a nominação da espécie, a qual é chamada de epíteto, acompanhado logo em seguida do nome do autor da espécie abreviado, sempre em toda e qualquer publicação.
Como já citado no item 2 das novas do CINB, os tipos podem ser de 7 tipos, como TYPUS, exsicata a qual foi utilizada para basear a identificação original (1), HOLOTYPUS, exsicata utilizada para descrição da nova espécie e citação na obra bibliográfica (2), ISOTYPUS, é uma duplicada da exsicata do Holotypus, cedidas aos demais herbários do país ou do mundo (3), PARATYPUS, é um exemplar citado junto ao Holotypus, porém não da mesma sequência (coleta) (4), SYNTYPUS, um exemplar utilizado pela citação do autor, sem determinação relacionada ao Holotypus (5), LECTOTYPUS, se torna um Holotypus que antes era um Syntypus, quando o autor da espécie não mencionou o Holotypus (6) e NEOTYPUS, quando se perde ou deteriora um Typus original.
Acredito que a princípio esta breve explicação nos auxiliará no aprofundamento na próxima publicação. Porém caso exista interesse, sugiro uma bibliografia, SISTEMÁTICA VEGETAL, UM ENFOQUE FILOGENÉTICO de Judd, Campbell, Kellogg, Stevens e Donoghue de 2009.
Um abraço! Maurício Morelli