Um achado raro pode ajudar a entender mistérios da evolução: encontrado na China, um fóssil de artrópode (classe de invertebrados que inclui insetos e crustáceos) de 520 milhões de anos teve parte do cérebro preservada – e, curiosamente, a estrutura é muito parecida com a que vemos em artrópodes modernos.
“O resto do animal é incrivelmente simples, por isso é uma surpresa ver nele um cérebro tão avançado”, explica o pesquisador Nicholas Strausfeld, da Universidade do Arizona (EUA).
Recentemente, Strausfeld e sua equipe viajaram para a China, onde estudaram fósseis encontrados na província de Yunnan. Durante cinco dias, eles buscaram, sem sucesso, uma peça em que o cérebro tivesse sido preservado (algo muito raro). Com pouco tempo nas mãos devido a um planejamento apertado, Strausfeld pediu à colega Xiaoya Ma, do Museu de História Natural de Londres (Inglaterra) que procurasse um fóssil de um último animal, sobre o qual ele havia lido recentemente: Fuxianhuia protensa, extinto há milhões de anos. Para seu espanto, o pesquisador encontrou vestígios do cérebro da criatura.
Da mesma forma que ocorre com artrópodes modernos, o cérebro do F. protensa era dividido em três partes. De acordo com Strausfeld, esse achado sugere que artrópodes, mesmo os mais simples, teriam evoluído a partir de um ancestral com cérebro complexo – há controvérsias a respeito da evolução desses animais. Com o passar das gerações, muitos artrópodes teriam mantido a complexidade da estrutura enquanto outras, como os branquiópodes, teriam regredido. Strausfeld pretende voltar à China e “cavar mais fundo” no passado.[LiveScience]