Se lhe perguntassem se uma grande população é garantia contra extinção, o que você responderia? Parece lógico que, quanto maior a população, menor o risco de extinção, certo?
Não foi isto o que pesquisadores descobriram ao examinar registros fósseis de 6.500 espécies relacionadas, ou gêneros, de ouriços-do-mar, bolachas-de-areia, corais, lesmas, conchas, ostras, vieiras, braquiópodes e outros invertebrados, englobando um período de 500 milhões de anos.
O estudo analisou o momento de surgimento e desaparecimento destes organismos no registro fóssil, comparando com a distribuição geográfica, variedade de habitats e população relativa de cada espécie. Com isso, os cientistas chegaram a uma descoberta interessante, e com implicações importantes para os esforços conservacionistas.
Basicamente, as espécies que sobrevivem mais tempo são as que estavam mais espalhadas, não necessariamente as que tinham o maior número de indivíduos.
Ou seja, se a espécie está confinada a uma região pequena, o número de indivíduos não está associado ao risco de extinção, pelo menos para os animais marinhos.
Na comparação de populações com extensas distribuições, espécies que ocupam regiões pequenas apresentavam seis vezes mais chances de extinção. E entre os gêneros limitados a pequenas regiões, as espécies que conseguiam sobreviver em uma variedade de habitats tinham o risco de extinção diminuído em 30%.
A descoberta indica que, mesmo que uma espécie tenha um bom número de indivíduos, se o habitat dela estiver limitado por causa de destruição ou degradação, seu risco de extinção pode ser grande.
Entretanto, o professor de conservação e biodiversidade marinha Nicholas Dulvy, da Universidade Simon Fraser (Canadá), aponta que as causas de extinção no passado podem não responder às extinções de atualmente. Além disso, as causas de extinção do passado – asteroides e vulcanismos, entre outras – não se comparam com o impacto da atividade humana, que está gerando a sexta extinção em massa, o “antropoceno”.
Segundo Dulvy, que não participou do estudo, o risco do estudo é que conhecer os processos que geraram extinções no passado não nos ajude a entender o que está acontecendo ou o que está para acontecer no mundo em termos de extinção de espécies hoje.
O estudo foi realizado por Paul Harnik e equipe de pesquisadores da Universidade Stanford (EUA) e Universidade Humboldt (Alemanha), usando um banco de dados de fósseis, o Paleobiology Database. Foi publicado no periódico Proceedings of the Royal Society B.[LiveScience]