Desde sempre, os pesquisadores de campo vem lutando para fazer os fazendeiros enxergarem a natureza como um bem para sua propriedade. Muitos fazendeiros não respeitam as leis ambientais como as áreas de mata ciliar que devem estar presentes nos rios, a RL (Reserva Legal) obrigatoriedade de 20% da área total estar intocável sem desmatamento ou outros tipos de ações antrópicas, entre outras leis. E estamos conseguindo firmar cada vez mais parcerias com os fazendeiros, mudando bem pouco essa história.
Os proprietários, as pessoas que moram em fazendas caçam, pescam, não respeitam piracema etc, pois já é de costume isso. Claro que não são todos, mas a grande maioria faz isso, pois eu sou prova disso, morei 14 anos em uma fazenda de um grande empresário bem sucedido e as matas ciliares estavam todas destruídas, o rio estava assoreado, o gado bebia água diretamente do rio provocando assoreamento, entre outras tantas irergularidades, a caça predatória também era praticada por muitos moradores de lá, inclusive prestadores de serviços para a fazenda iam caçar com os funcionários. Caçar para estas pessoas é algo que vem sendo passado de pai para filho, e eles não podem parar isso de uma hora pra outra só porque um biólogo chegou na fazenda e falou para eles pararem. Ai que entra a educação ambiental.
A educação ambiental muitas vezes pode mudar o pensamento de pessoas que vivem em fazendas, isso porque muitas vezes as pessoas agem de certa forma pensando no dinheiro. Então, para educar ambientalmente essas pessoas precisamos pensar nos benefícios que eles vão receber se fizerem tal coisa. É assim que funciona infelizmente, ou você acha que se falássemos para preservarem porque os animais estão morrendo, eles iam parar de caçar?
Eu sou só um acadêmico, não sou especialista, pelo contrário eu estou aprendendo muito com meus professores, pois nas minhas pesquisas eu dependo dos fazendeiros, é na fazenda deles que existem os animais para eu pesquisar, os queixadas, as antas etc. Então não devemos ter raiva dessas pessoas que caçam, pois nós somos dependentes delas!
Mas como falar para essas pessoas que não pode caçar e desmatar? Bom, isso é um assunto bem difícil e que você deve pensar muito antes de falar qualquer coisa. Analise inicialmente a qualidade de vida dos funcionários da fazenda, será que eles caçam para comer ou vender? Eles caçam porque realmente precisam? Eles desmatam porque precisam construir suas casas ou para vender a madeira? O meio social é fundamental para que se estabeleça uma relação entre pesquisadores e moradores rurais.
O Instituto ECOA trabalha com populações isoladas de pescadores em Corumbá – MS ensinando a eles uma nova fonte de renda que é maior do que a própria pesca. Esta renda eles obtém à partir de produtos que estão disponíveis em seus quintais, como o jatobá, bocaiúva entre outras espécies nativas que podem originar diversos produtos. Destas árvores nativas eles produzem bolos, farinha, doces, conservas e tudo isso com qualidade fiscalizada perante as leis do segmento e podem vender para qualquer local.
Existem várias ongs que fazem este trabalho, gerar renda e evitar a exploração em massa dos recursos naturais em comunidades isoladas que dependem do meio ambiente para viver.
Como não sou um biólogo ainda, para complementar este artigo, sugiro que veja algumas atividades educacionais do Ecoa, conforme link abaixo: