As formas viventes de peixes cartilaginosos podem ser divididas em dois grupos: aqueles com apenas uma abertura branquial em cada lado da cabeça e aqueles com muitas aberturas em cada lado. O clado com uma abertura é o Holocephali (Grego holo = todo e cephalo = cabeça), nomeado assim devido à aparência não dividida da cabeça, a qual resulta em apenas uma abertura branquial. O nome comum para este grupo – quimera – vem de suas formas bizarras: uma cauda longa e flexível, um corpo com a forma de peixe e uma cabeça com olhos grandes e dentes salientes que lembram uma caricatura de um coelho. Os Elasmobranchii (Grego elasmo = placa e branch = brânquia) têm aberturas branquiais múltiplas em cada lado da cabeça e incluem os tubarões (geralmente, com forma cilíndrica, cinco à sete aberturas branquiais em cada lado da cabeça), bem como as raias (formas achatadas com aberturas branquiais na face ventral da cabeça).
Os Elasmobranchii, com cerca de 1.100 espécies, são divididos em três subgrupos principais (Squalomorphii e Galeomorphii – tubarões e cações, e Batoidea – raias), e um número bem inferior de Holocephali (quimeras, com cerca de 40 espécies). Todos são predadores, utilizando de presas pelágicas de grande porte (peixes, tartarugas, mamíferos aquáticos) a presas pequenas, como invertebrados com exoesqueleto duro, que trituram com dentes achatados (caso das quimeras e maioria das raias), e mesmo plâncton (filtradores – tubarão-baleia, mantas). Os peixes cartilaginosos habitam ambientes marinhos (a maioria) e podem ser dulcícolas também, como as raias dos gêneros Plesiotrygon, Potamotrygon e Paratrygon.
Os fósseis de Chondrichthyes mais antigos datam do Devoniano inferior e o grupo sobreviveu com sucesso até os dias atuais. Os Chondrichthyes são caracterizados por:
1. Extrema redução da armadura dérmica, que não recobre o corpo do animal, estando restrita a algumas estruturas, como espinhos da nadadeira dorsal;
2. Endoesqueleto basicamente cartilaginoso, frequentemente calcificado, mas nunca ossificado; o crânio é uma peça única, sem suturas, assim como as maxilas;
3. Escamas do tipo placoide, exclusivas desse grupo – são escamas semelhantes a dentes pequeninos, formados por dentina e um tipo de esmalte (esmalte é um tecido altamente mineralizado, muito duro, de origem epidérmica, em oposição à dentina e osso, de origem mesodérmica), imersas no corpo do animal (a ponta da escama rompe a pele), conferindo uma textura áspera, de “lixa”.
Os dentes desses animais são homólogos às suas escamas placoides que, na boca, se desenvolvem bastante, apoiando-se nas maxilas por ligamentos (e não com raízes em depressões das maxilas como nos mamíferos); no entanto, não são homólogos aos dentes dos Osteichthyes, representando evolução paralela a partir dos dentículos da armadura dos ostracodermes. Um problema é esses dentes, não estando bem fixos, serem perdidos por desgaste e queda. Veja o post sobre a reposição dos dentes dos tubarões.
Esse problema foi superado pela capacidade de substituição, mecanismo também observado em alguns peixes ósseos: os dentes ficam dispostos em fileiras ao longo de uma espiral, de forma que, na linha externa das maxilas, estão as fileiras com dentes funcionais, enquanto internamente, recobertas pela mucosa bucal, estão as fileiras de dentes em desenvolvimento.
4. Presença de clásper nos machos, órgão de cópula pareado desenvolvido a partir dos raios mediais (voltados para a linha mediana ventral do corpo) das nadadeiras pélvicas.
A reprodução acontece de modo em que o macho encosta o clásper na cloaca da fêmea e os espermatozóides são liberados escoando para dentro da fêmea. Assim, os espermatozóides migram para o óvulo pelo oviduto onde ocorre a fecundação. A cloaca é uma abertura que auxilia na reprodução e também na excreta. As fêmeas de tubarões e raias são maiores que os machos. Portanto, a fecundação é interna, abrindo a possibilidade para oviviparidade e viviparidade (ver abaixo) nesse grupo.
Os condricties não têm bexiga natatória. Nos peixes cartilaginosos, a diminuição do peso específico (densidade do corpo) dá-se pelo acúmulo de óleo (mais leve que a água) no fígado. Assim, não é verdade que os tubarões precisam nadar o tempo todo para não afundar. Não é verdade também que os tubarões nadam o tempo todo também por causa das trocas gasosas, pois não teriam mecanismos para ventilação das brânquias. Esses animais possuem mecanismos musculares de entrada ativa de água na boca e saída pelas fendas faríngeas, banhando as brânquias de modo a proporcionar as trocas gasosas. Por isso, observam-se elasmobrânquios parados no fundo, sem problemas para respirar.
Estes animais possuem boca ventral com dentes recobertos de dentina, 10 pares de nervos cranianos, não possuem bexiga natatória, pele rígida recoberta por escamas placóides, cintura pélvica e peitoral, coração com duas câmaras (átrio e centríolo), rins mesonéfricos (atuam na flutuabilidade do animal), sexos separados, respiração por brânquias de 5 a 7 pares, ductos reprodutores e excretores no qual abrem-se na cloaca, desenvolvimento indireto (se desenvolvem dentro da mãe), ovos megalécitos com grande quantidade de vitelo. A circulação destes animais é fechada, onde os diferentes sangues (rico e fraco em oxigênio) se misturam, pois não há separação das câmaras cardíacas.
Mas se os peixes cartilaginosos não possuem bexiga natatória, como eles não afundam? Veja a explicação para isso aqui!