A capivara (Hydrochoerus hydrochaeris, Linnaeus, 1766 – única espécie da família Hydrochaeridae) é o maior roedor atualmente vivo (Emmons, 1990), chegando a medir 1,30 m de comprimento e 0,50 a 0,60 m de altura. Pode pesar até 100 kg, porém seu peso médio é de 50 kg para as fêmeas e 60 kg para os machos (Deutsch & Puglia, 1988). O nome genérico Hydrochoerus significa porco d’água (Mendes, 1986). A designação vulgar “capivara” é de origem tupi-guarani: caapi, capim, e uaára, comer, o que significa comedor de capim (Carvalho, 1969; Mendes, 1986). É um herbívoro generalista de hábito semi-aquático (Alho et al., 1987a), que ocorre na América Central e do Sul, do Panamá ao Nordeste da Argentina (Emmons, 1990).
O habitat ideal das capivaras geralmente engloba um local de pastagem, um corpo d’água permanente, que utiliza para beber, copular, regular a temperatura corporal e como via de fuga antipredatória, além de uma área não inundável com cobertura arbustiva, para descanso (Nishida, 1995; Moreira & MacDonald, 1997). São animais sociais, vivendo em grupos (Alho et al., 1987a). Os grupos de capivaras são territoriais, e o tamanho do território está correlacionado com o tamanho do grupo (Herrera & MacDonald, 1989). Através de interações agressivas entre os machos de capivaras é estabelecida a estrutura social, formada por um macho dominante, várias fêmeas, jovens e subadultos (Alho & Rondon, 1987).
As capivaras se reproduzem o ano todo (Alho et al., 1986). A alta capacidade reprodutiva das capivaras, os hábitos alimentares generalistas e a baixa exigência quanto às condições do habitat são alguns aspectos que podem ter contribuído para o desequilíbrio populacional da capivara no Estado de São Paulo (Pinto et al., 2006), além do desaparecimento de predadores naturais (Pinto, 2003).
A capivara é importante sob o ponto de vista de saúde pública. Está relacionada com a transmissão da febre maculosa, causada pela bactéria Rickettsia rickettsii, através do carrapatoestrela Amblyomma cajennensis, para o qual é um dos hospedeiros primários (Cavalcanti, 2003).